CATAGUASES:
Um olhar sobre a
MODERNIDADE.






 

Artes Plásticas 


Cataguases: a importação plástica como vontade modernista.


Cristina Ávila

Tal como na Arquitetura, o modernismo nas Artes Plásticas tem enorme visibilidade e, nesses dois domínios se entrelaçam as obras e seus criadores. O movimento modernista foi a auto descoberta da arte como forma, objeto, e prática, mas nas Artes Plásticas esse movimento estético é antes uma ideologia, nem sempre identificável a partir de detalhes da linha, da cor ou do volume. Em algum ponto entre a teoria & a prática, entre os objetos artísticos e as suas definições, o modernismo se define e se faz presente em Cataguases.


A memória é um fenômeno sempre atual, uma ligação do vivido com o eterno presente, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento. A memória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem e no objeto."
Edgard Salvadori De Decca

 


Retrato de Francisco Inácio Peixoto
Candido Portinari, 1945.


Retrato de Marques Rebello 
Jan Zack


Retrato de Amelinha Peixoto, 
de Portinali

A expressão da modernidade brasileira manifesta-se sob a égide do progressivo desenvolvimento paulista, onde os marcos - Exposição de 1917 de Anita Malfatti e A Semana de 22 - ganham significado de movimento aglutinador do sentimento de inquietude da juventude intelectual e artística brasileira que desejava "destruir' o passadismo parnasiano e acadêmico que dominava o ambiente das primeiras décadas do século.
Por essa época surge em todo o mundo o sentimento de progresso, avanço de desenvolvimento que incrementaria o sentido das nacionalidades, acirrado após a 1ª Grande Guerra. Todos se apraziam de um "espírito moderno" - expressão de origem européia que se torna corriqueira entre a intelectualidade artística brasileira após as famosas conferências de Graça Aranha e Mário de Andrade em "A Semana". (1).
Há, assim, uma incipiente atitude de abertura que operará grandes mudanças nos planos das idéias sejam essas artísticas, políticas ou sociais. Amplia-se a concepção do mundo no mesmo momento em que se revaloriza a identidade nacional, num nativismo conscientizado e critico, diferenciado daquele que se verifica no romantismo plástico ou literário, ainda formalmente acadêmico, de um José de Alencar ou Rodolfo Amoedo exaltador do indianismo idealizado.
As idéias modernistas do eixo Rio e São Paulo, no entanto não circulam suficientemente para que haja um paralelo contágio estético nos outros estados, com exceção do que ocorre em Minas Gerais com o surgimento de A Revista - em 1925 (BH) e do Grupo Verde em 1927.
Na verdade, a diferença cronológica entre o fato modernista paulista e os grupos literários mineiros é apenas relativa se considerarmos que a PAULICÉIA DESVAIRADA de Mário de Andrade é de 1922, a Conferência de Graça Aranha na Academia Brasileira de Letras - "Espírito Moderno"- é de 1924, a revista ESTÉTICA de Prudente de Morais e Sérgio Buarque de Holanda é de 1924 a 1925, o "Manifesto Pau-Brasil" e "A Escrava que não é Isaura" são de 1925 - e assim por diante - enquanto o Manifesto Antropofágico - o mais radical dos manifestos modernistas - só apareceria em 1928. Já, no que se refere às artes-plásticas, a defasagem e o desconhecimento é maior, talvez pela dificuldade do conhecimento plástico, já que as exposições intinerantes dos artistas modernistas só se verificaram com alguma intensidade a partir de 1930 - quando há uma maior abertura do eixo Rio - São Paulo e quando se consolida a vinda da missão educacional (1929), através da iniciativa de Antônio Carlos em Belo Horizonte.
Com relação à questão das artes plásticas em Cataguases, muito pouco se conhece e a pesquisa incipiente mostra caminhos diferenciados do que se verifica com o "Grupo Verde". Na verdade o grupo , ainda que atuante e preocupado com a questão estética, teve uma influência relativamente pequena quanto a um "modernismo artístico" na cidade, o que se verificará a partir do incremento do mecenato artístico de Francisco Inácio Peixoto na década de 40.
Observa-se, no entanto, desde inícios do séc. XX, uma vivência de progresso na cidade, especialmente no plano da infra-estrutura urbana, que se daria de forma mais evidenciada após a chamada crise nacional do café. Fato importantíssimo para o crescimento da localidade é a chegada da eletricidade, em 1908, com a inauguração da CIA. FORÇA E LUZ - CATAGUASES/ LEOPOLDINA. Por essa época, a Cia. de Fiação e Tecelagem de Cataguases passa às mãos do abastado comerciante português Manoel Inácio Peixoto. Conta o Município ainda, com duas fábricas de meias, uma de cerveja e bebidas alcoólicas, uma de sabão, duas refinarias de açúcar e uma tinturaria. (2)
Naturalmente, a dinâmica provocada pelas novas atividades econômicas propicia o desenvolvimento da vida social. Surgem clubes recreativos, teatros e um órgão oficial de imprensa - o jornal de Cataguases. A chegada da telefonia em 1911 incrementa ainda mais a aura progressista da localidade. Em 1915 aparece a "Revista do Interior"e em 1917 a "Revista da Mata", cujo serviço fotográfico fica a cargo de Alberto Laudoes, chamado, segundo Enrique de Resende, de "o artista das fotografias indeléveis."(3)
No Teatro Recreio são levadas ao público peças de Rebeldino Batista e em 1915/ 1916 podem ser vistos em Cataguases os ilusionistas da Tromp Eniseb, os transformistas de Silva Lisboa, os grupos dramáticos de Taveira e Silva, Bernardo de Abreu e Tina do Vale.
Em 1915, aparecem no jornal de Cataguases duas pequenas notas sobre uma exposição de Delpino Júnior, filho do conhecido pintor acadêmico mineiro Alberto Delpino. É impossível uma avaliação precisa do que foi exposto pelo artista no dia 2 de agosto no "Comercial Club", mas, de acordo com o noticiário do periódico local, o artista é apresentado como caricaturista:
"Está na cidade este exímio caricaturista mineiro, filho do grande pintor Alberto Delpino.(...) Fará a sua apresentação o nosso ilustre e distincto conterrâneo e mavioso poeta dr. Henrique de Resende.(...)" (4)
Essa incipiente efervescência, cultural, o surgimento do Grupo Verde em 1927 e, ao mesmo tempo, o desconhecimento de tendências plásticas avançadas em Cataguases aproxima sua realidade artística com a de Belo Horizonte. A nova capital nos anos 20 apresenta um visível distanciamento estético entre o grupo modernista literário de "A Revista"e os famosos "Salões de Arte Mineira"então de cunho eminentemente acadêmico.
No que se refere a Cataguases o problema se torna de mais difícil abordagem já que não encontramos aí a atuação de um personagem catalisador das iniciativas plásticas locais, como foi Aníbal Mattos em Belo Horizonte.
Aníbal Mattos, fluminense e radicado em Belo Horizonte , a partir de 1917, exerce as funções de jornalista, critico, fotógrafo, autor teatral, professor, paleontólogo, além, é claro, de sua atividade privada como desenhista e pintor. Este homem visionário, formado pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, vivencia as primeiras tentativas de abertura da instituição que após a passagem de Grimm pelo Brasil, já havia experimentado algumas novidades de pesquisa de luz e cor que, todavia, não chegam a abalar a antiga estrutura do gosto neoclássico. Ainda que preso aos parâmetros acadêmicos, Aníbal Mattos exerce em Belo Horizonte a importante função do que chamamos hoje de "animador cultural" (5).
O papel ocupado por Aníbal Mattos em Belo Horizonte foi exercido, segundo se aprecia pela documentação jornalística levantada, por Henrique de Resende, ainda timidamente e ampliado pelo Grupo Verde, com o lançamento de sua " Revista Verde" em 1927 e, com a participação efetiva do poeta Rosário Fusco em busca de uma linguagem plástica moderna e irá se consolidar a partir de 40 através de Francisco Inácio Peixoto, também integrante do movimento.
Na verdade o " espírito moderno" já havia se insinuado em Cataguases numa atitude de abertura crítica, sensível e atuante que viria a provocar mudanças definitivas no plano das idéias e dos costumes locais.

 


Em correspondência à escritora Laís Correia de Araújo (6) Rosário Fusco revela como teria chegado o modernismo até Cataguases:
" nós recebemos o modernismo em 23,24, por intermédio de Ascânio e de João Luiz de Almeida, Ascânio trazendo conversas de Belo Horizonte e João Luiz de Almeida trazendo livros do Rio (...) . Mas, em 1927 eu já trazia versos modernistas datados de 24. Por que? Porque o Guilhermino já tinha ouvido o galo cantar (onde? Aí , no Rio?) de num jornal - O MERCURIO - Órgão da Associação Comercial, publicava tudo o que fosse "futurista" , Camilo Soares também ajudou. Todos esses rapazes eram filhos de gente de dinheiro e podiam comprar livros, revistas, jornais. Livros raros então (o modernismo só começou a funcionar mesmo, em livro, a partir de 24,25).(6)
Será assim que verificará um primeiro intercâmbio de idéias que iriam se consolidar através da série de correspondência entre os "Verdes" e o grupo paulista e, em especial, entre Rosário Fusco e Mário de Andrade.
Folheando Verde, desde o seu primeiro número vê-se que o grupo se preocupava com a apresentação gráfica da Revista, seja na qualidade do papel, nas variantes tipográficas, na criação do logotipo e até mesmo na simbologia da cor VERDE - imaturidade e nacionalismo. Acompanham os textos publicados tímidas ilustrações, algumas assinadas pela instigante figura de Rosário Fusco e outras pela desenhista argentina Maria Clemência, com quem o Grupo mantinha contato também através de correspondência.
Se a informação chegara a Cataguases via livros, jornais e revistas, o mesmo não se daria quanto às influências visuais plásticas, de difícil acesso e circulação. As poucas ilustrações de Rosário Fusco revelam uma preocupação intimista, com o sentido psicológico imanente ao desenho e uma busca de simplicidade ou sínteses gráficas, presentes também na sua própria formação literária. Seu trabalho, ainda que inovador, se considerarmos a época e a localidade, não chega porem a entusiasmar, como ocorre com sua poesia, ao severo crítico e amigo Mário de Andrade. Em correspondência datada de 25 de dezembro de 1927 (7) o modernista paulista chega mesmo a desestimular as incursões no campo visual de Fusco:
" Rosário Fusco, vou lendo e secudando. Acho que você deve pedir para Nava ilustrar o livro de você . Não gostei nada do desenho que você publicou na Verde e acho mesmo que como você fala , você está querendo abraçar o mundo com as mãos. Ou os braços. Continue assim. Isso é bonito e se parece bem com o corpão de você que apareceu na fotografia enviada. Obrigada por ela. E si o desenho que você botou na Verde não presta isso não quer dizer que você não continue a desenhar. Continua. Quem sabe si inda você chega a uma solução pessoal interessante de desenho? Ninguém pode saber . Agora esse futuro não é suficiente para que você vá encher codaque de desenhos ruins." (sic)
A repercussão alcançada pela Revista Verde aumenta as relações intelectuais do grupo, que recebe colaboração e sugestões diversas, duas cartas da Alcântara Machado a Rosário Fusco discutem o aspecto visual da revista sendo que na primeira, datada de 5 de dez. de 1927, há dicas quanto à diagramação de textos e o acabamento gráfico demonstrando uma curiosa preocupação com a modernização de Verde:
" Oaspecto material prosperou. Eu se fosse você ainda o simplificaria mais um bocado. Enfeia-o muito desenhinho tipográfico. Na capa além da margem bastaria um quadrado preto cercando o sumário. Não dois como agora. Nos paralelepípedos que ladeiam o titulo arranque os pontinhos. As letras bastam. Tire também os traços desenhados que separam os artigos. O que está entre o conto do Alphonsus e a poesia do Camilo (décima página) é horroroso. Para que separação? Para esse fim bastariam os títulos . Mas querendo separar ponha um traço e mais nada. Uma linha como se diz em língua tipográfica." (8)
A sabia lição de Alcântara Machado propiciaria uma limpeza no aspecto gráfico de Verde, que perde o visual carregado decorrente do uso de excessivas vinhetas e cercaduras dos primeiros números ganhando uma sobriedade tipográfica de tendência menos decorativa e mais ao gosto moderno. Após ter efetivado as mudanças sugeridas, Rosário Fusco recebe, em correspondência datada de 11 de janeiro de 1928, os elogios do escritor pela Verde renovada:
"Desta vez Rosário Fusco vocês fizeram de fato um bonito.Verde saiu bonita como uma árvore. Desde o aspecto tipográfico." (9)
Com referências a contatos com artistas-plásticos, através de pesquisas no "O Cataguases" verifica-se que, por iniciativa dos verdes, a 2 de março de 1928 expõe na cidade o festejado Aníbal Mattos que excursionava pelo interior do Estado. A exposição obteve grande repercussão na localidade, sendo amplamente divulgada. A crítica inerente a essas notícias se faz como o usual à época, na forma de entusiástica adjetivação, sem nenhum conteúdo interpretativo. Observa-se que o destaque dado à informação é tanto que a matéria sai na primeira página de um jornal de domingo:
(...) "Uma noticia que, certamente, deve interessar à nossa população, enchendo-a de entusiasmo e orgulho,é a de que chegou trás-antehontem a esta cidade o fino estheta de palheta e do verso, Aníbal Mattos, o querido mineiro que nestes tempos de indiferença e de descaso pela arte, vem realisando (sic) uma grande aspiração do seu gênio, numa demonstração eficiente de valor artístico e de trabalho esthetico. (...) Aníbal Mattos (...) vem expôr os seus afamados trabalhos em quadros que a crítica já consagrou como telas modelares de gosto e perfeição."(10)
A iniciativa alcançou enorme sucesso, tendo a Câmara Municipal adquirido o quadro "Ipê Amarelo". Foram também adquiridos por particulares diversas obras como "Serra da Piedade", pelo dr. Sandoval Azevedo e, entre outros compradores temos: o poeta Henrique de Resende, José Peixoto, redator do periódico, Antônio Lobo Leite e outros. Aníbal Mattos, entusiasmado com o interesse da população por sua obra chega a levar consigo vistas da cidade para reproduzir em telas. Essas, não se sabe se sequer chegaram a ser pintadas, mas a informação denota o interesse despertado no artista pelo ambiente encontrado em Cataguases.(11)
Numa entrevista concedida ao "Correio Mineiro", reproduzida no mesmo Cataguases, Aníbal Mattos relata sua admiração pela cidade:
"Cataguases, depois de Juiz de Fora, é na Matta, a cidade que mais surpreende pelo seu progresso.(...) E, intelectualmente (...) Cataguases está na vanguarda de nosso movimento literário. Intelectuais jovens, tendo à frente esse admirável poeta que é Henrique de Resende, fundaram o "Grupo Verde" filiado às mais modernas tendências literárias.(...) Onde a construção moderna está esplendidamente representada é em Cataguases. Várias são as casas particulares em nada inferiores às boas residências do Rio e de São Paulo. Basta citar as dos drs. Gabriel Junqueira, Sandoval Azevedo, Lobo Junior, Manoel Peixoto e Pedro Dutra. As duas últimas, situadas admiravelmente na avenida principal, elegantemente cortada por um ribeirão canalizado, são habitações moderníssimas , feitas com rigoroso cuidado e um tal requinte de elegância e contato que, chego a duvidar, possa haver construções melhores em nosso paiz .Cataguases é a cidade que anseia ser uma verdadeira cidade moderna. E para aproveitar todas as belezas da encantada "CIDADE VERDE" que duas fábricas brasileiras de "films", estão fazendo as melhores filmagens do Brasil."(12)
A entrevista acima registrada demonstra a "aura de modernidade" que Cataguases já tem conquistado em fins da década de 20. Os "Verdes" são reconhecidos como os promotores do moderno, do atual - e o progresso ansiado e exaltado à época é confirmado pelo parecer de um dos maiores formadores de opinião de Minas Gerais, à época.
A influência de Aníbal Mattos em Cataguases não foi, no entanto,além dos elogios e da admiração mútua. O jovem aspirante a artista Rosário Fusco deve ter ficado bastante impressionado com o trabalho do pintor. Com certeza eram poucas as suas possibilidades de conhecimento de obras-de-arte. É certo que o pintor causa alguma impressão em Rosário Fusco, que chega a produzir pequenas paisagens a óleo sobre tela, onde revela uma pincelada grossa com aumento de tinta em determinados pontos, como se observa também na obra de Aníbal Mattos. Dessas telas são conhecidas apenas duas (Col. Joaquim Branco), onde o tema se repete na mesma concepção do paisagismo de Mattos, de forte tendência pós-impressionista. As poucas incursões de Rosário de Fusco nas artes-plásticas revelam ainda pequenos desenhos de caráter lírico, de linhas simplificadas onde se vê uma forte influência de Tarsila do Amaral, cuja obra se tornara conhecida do poeta através de ilustração da segunda metade da década de 20, quando a pintora é fortemente impressionada pela arte colonial mineira. Os desenhos de Fusco transmitem a mesma preocupação com o retrato da paisagem cotidiana de pequenas localidades.(12)
A dispersão do Grupo Verde nos anos 30 causará um vazio momentâneo à cidade que, no entanto, já se vê preparada para a absorção da estética modernista na arquitetura e artes-plásticas que se verificará de maneira efetiva, mudando a feição eclética da cidade, na decada seguinte.
Nos anos 40, a presença de Francisco Inácio Peixoto vai incrementar a construção de prédios modernistas como o do Colégio Cataguases (projeto de Oscar Niemayer) e expandirá o gosto do moderno que se espalha entre as famílias de posse da cidade, originando coleções preciosas, onde se encontram obras de grandes artistas nacionais e internacionais.
Será novamente a partir de correspondência que teremos um registro importante da aquisição das obras que se espalham pela cidade e que compõem a coleção do próprio Francisco Inácio Peixoto, do Museu da Cidade, da Srª Josélia Pacheco e outros.
A vasta correspondência entre Francisco Peixoto e o Museólogo e escritor Marques Rebello demonstra a orientação dada por este último na conformação de sua coleção, na encomenda de trabalhos escultóricos e painéis pictóricos ou de azulejos, que serão a marca registrada da arte aplicada à arquitetura moderna na cidade.
A correspondência entre os dois escritores denuncia uma cumplicidade cultural, com comentários sobre cinema, literatura e naturalmente arte. A orientação de Marques Rebelo impulsiona a compulsão de colecionador de Francisco Peixoto:
"Enviei um tapete incaico, dos índios do norte da Argentina.É muito vistoso. Você já tem um mexicano, ficará agora com dois bem decorativos. Quanto ao quadro de Pettoruti está se arrumando.(...) Gostei da história do Ginásio.(...), enviei umas coisas curiosas sobre urbanização que você poderá aproveitar aí.(...)Tenho observado muita coisa que depois poderemos fazer em Cataguases. Baratas e de grande importância para ventilação geral dos crâneos cataguasenses."(grifo nosso) (13)
No trecho acima citado, fica bastante claro o papel de orientador artístico exercido por Marques Rebelo. Nota-se ainda na frase grifada a herança modernista na intencionalidade consciente de estar à frente e sacudir o "passadismo" estético.
Através de Oscar Niemayer, a quem havia encomendado o projeto de sua própria residência em 1940 e do Colégio (1945). Francisco Inácio Peixoto traz a Cataguases Cândido Portinari, pintor modernista, já na ocasião de grande importância, tendo obras no Museu de Arte Moderna de Nova York (1938) e sendo o autor de três painéis para o pavilhão brasileiro da Feira Mundial (1939).
Em outubro de 1948 "O ESTUDATE", periódico do Colégio de Cataguases, anuncia a visita à instituição do pintor, em companhia dos arquitetos Oscar Niemeyer, Hélio Uchoa e Duprat, bem como de Paulo Werneck (cujo painel de pastilhas já se encontrava no Colégio). Na ocasião, a encomenda já estava definida:
..."O mural do nosso colégio terá 18m por4m. Tendo como tema Tiradentes, dividido em 4 partes: Conjuração, julgamento, enforcamento e esquartejamento."(14)

 


Através de acertos por correspondência, se efetiva a encomenda e em julho de 1949 a obra é concluída. O sucesso alcançado pelo painel se evidencia pelo volume de criticas positivas após a exposição do painel no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Entre diversas outras selecionamos algumas das opiniões mais entusiásticas sobre o mural: 
De José Pancetti: "O Brasil inteiro pode orgulhar-se dessa obra imponente de Cândido Portinari. Ela vai ficar em Cataguases, mas pertence a todo Brasil."
Revista Italiana "Tempo" (Milano): II Giotto brasiliano.(...) "Forse poche opere moderne rinchiudono tanta forza e tanta tragedia." 
Menotti del Picchia: " O novo mural de Portinari sobre Tiradentes - feliz Minas Gerais que vai observando as melhores obras deste grande artista! (15)
A 11 de dezembro de 1949 é inaugurado o mural "Tiradentes". Nele verifica-se o pós-cubismo desenvolvido pelo artista à visão dimensionada do espaço pictural, onde a sobreposição de planos não se desprende de noção de profundidade, só possível pela intuição técnica classicizante e virtuosística. O tema, por seu caráter narrativo-histórico, acaba por enunciar uma necessidade ilustrativa, onde se revelam alegorias à liberdade como correntes partidas, membros expostos, figuras em lamentação, além é claro, do fundo esquematizado das referenciais montanhas de Minas. A grandiloqüência temática se ajusta ao formulário imagético da composição - daí, a comparação feita pela Revista Italiana a Giotto.
A importância do painel para Cataguases está justamente na sua exposição pública. O aparecimento do modernismo explicitamente visual cria uma relação dinâmica entre a comunidade e o modernismo nacionalista pós Getulista. Não se trata aqui de uma vinculação propriamente ideológica, no sentido semântico da palavra, mas sim de uma referência psicológica à "aura do modernismo" enunciada pelos verdes a recolocada via Francisco Inácio Peixoto. Se por um lado, a partir da construção do Colégio e de outros edifícios públicos sugere-se o convívio cotidiano com a modernidade, por outro a população de maior poder aquisitivo se interessa pela aquisição de acervos modernos propiciando o surgimento de Coleções como a Sra. Josélia Pacheco e da artista plástica Nanzita Gomes.
No ano de 1949 surge ainda uma nova revista de caráter cultural na cidade - Meia-Pataca - por iniciativa de Francisco Inácio Peixoto Filho, com a participação da poetisa Lina Tâmega Peixoto. No editorial de nº 2, assinado por Alphonsus de Guimaraens Filho, o autor compara a nova geração aos verdes e refere-se à intenção do novo grupo de dar continuidade ao movimento modernista de 27:
"Esta revista continuará ligando o fio interrompido há 20 anos, a tradição que Cataguases carregará consigo, nascida pelos rapazes de então, da verde. Firma-nos-emos, não nos mesmos moldes, mas no mesmo espírito que os animou."(...) (10)
Como em Verde, aparecem algumas ilustrações de poemas assinados por José Maria Dias da Cruz; essas tendem a uma inspiração surrealista mas com pouca consistência técnica. Ao longo da revista também à guisa de ilustrações são reproduzidas obras de Jean Lurçat, Maurice Utrillo, E. Machet, entre outros, todas da Coleção Francisco I. Peixoto.

 

O Museu de Belas Artes de Cataguases (ao lado a atual sala de exposições), está hoje integrado ao Instituto Francisco de Sousa Peixoto.
Instituto Francisco Inácio Peixoto
Museu de Belas Artes


Heitor dos Prazeres 


Fuga - Homenagem a Bach
José Maria Dias da Cruz

Lazzarini

Le Gouther
Francisco Borés


Na mesma revista, encontramos uma pequena nota sobre a criação do Museu de Arte Moderna de Cataguases, que surge por iniciativa conjunta de Marques Rebello e Francisco Inácio Peixoto. Em correspondência datada de 20 de set., presumivelmente do ano de 1949, Marques Rebello dá a idéia de se fazer uma exposição para arrecadar obras para a criação do Museu, os próprios moradores deveriam comprar as obras e em seguida doá-las ao Museu. Em meio a correspondência, foi encontrada ainda uma lista de peças para o museu, datada de 1950. Entre outras, são essas as obras sugeridas por Rebello para a composição do acervo do museu: Mulheres de Petorucci, Brasileiro - Emiliano Di Cavalcante, Formas abstratas -Müller Kraus, sonho - Oswaldo Goeldi, Francisco Borés - A Merenda, Iberê Camargo - Peixe, Jean Lurçat - O Galo, entre outros. Refere-se ainda a trabalhos de Rego Monteiro, Cícero Dias, Jan Zack, Van Rogger, etc.(17)

 


Escultura de Jan Zack - Hotel Cataguases

Escultura de Jan Zack 
 Residência Francisco Inácio Peixoto

Escultura de Jan Zack
Residência Francisco Inácio Peixoto


Ao longo dos anos 50, aparece uma nova série de painéis e esculturas, que irão compor o ambiente modernista da cidade. Em novembro de 1950, hospeda-se em Cataguases o artista tcheco Jan Zack, tendo sido incumbido da execução do monumento à memória do professor Antônio Amaro. A 27 de maio do ano seguinte é inaugurado e o próprio escultor fala de sua obra:
"Quando recebi a incumbência de projetar e realizar o monumento em memória do professor Antônio Amaro, capacitei-me, desde logo, da responsabilidade que me cabia,(...) Seria muito fácil limitar o problema plástico a moldes clássicos e convencionais, porque isso, afinal de contas, iria resultar, tão somente, numa exibição de habilidade técnica.(...) Resolvendo o monumento numa figura sentada e fechada dentro de si mesma, para sempre no silêncio e robustez das formas, num total abandono, pensei que atingiria muito mais a importância e o valor do homenageado, que o tornaram conhecido e admirado.Não o foi, é claro, pela configuração do seu nariz ou de sua boca, mas pela grandeza de seu espírito. Este, tentei fixa-lo nas formas absoluta e propositadamente esquemáticas daquela figura." (15)
Além dessa, outras obras escultóricas de Jan Zack enriquecem o patrimônio artístico de Cataguases, como as duas representações de "Muller" (uma no jardim de entrada da residência de Francisco Inácio Peixoto (1950) e outra no jardim do Hotel de Cataguases (1951). Em todas as três obras vê-se a preocupação com o tratamento dos volumes, em formas esquematizadas. As mulheres apresentam linhas arredondadas, volumetria compacta e arcaizante sem detalhamento.

 

Painel Criação do Mundo de Emeric Marcier

Painel do Colégio Dom Silvério, de Anísio Medeiros


Nos anos subseqüentes, incrementa-se a encomenda de painéis decorativos e monumentos da cidade. De 1956 temos o painel "Criação do Mundo" de Emeric Marcier no Educandário Dom Silvério. Neste pode-se verificar um lirismo que associa aos temas qualidades introspectivas e uma visão emocionada do sentimento religioso. As figuras em ascendência - verticalizadas e estilizadas - evocam um clima de espiritualidade. A esquematização das imagens causa os efeitos ilustrativos necessário à narrativa. Ainda no educandário vê-se, do lado exterior, o mural de azulejos de Anísio Medeiros, composto por diagonais formadas por pássaros em desenhos simétricos. A representação de fundo em azul com grandes espaços livres em branco dá à composição o interessante efeito de positivo/negativo, à maneira alegre e poética da fase de papeis recortados de Matisse.
Os dois artistas viriam a concretizar mais um projeto similar (pintura interna de Marcier e painel de azulejos de Anísio Medeiros) na residência da pintora Nanzita L. S. A. Gomes, sendo o primeiro uma cena do Rapto de Helena de Tróia e o segundo uma composição figurativa estilizada de uma "Feira Nordestina" (1958).

 


A Pintora Nanzita Gomes

Painel Feira Nordestina 
de Anísio Medeiros

Painel Rapto de Helena de Tróia
de Emeric Marcier

Natureza Morta, 1940 - Nanzita


No ano de 1956, Cândido Portinari e Bruno Giorgi são contratados para realizarem um painel e uma escultura, que comporian parte do projeto arquitetônico de Francisco Bolonha erguido em homenagem a José Ignácio Peixoto sob encomenda dos empregados da Cia. Industrial de Cataguases. A escultura de Bruno Giorgi, chamada "A família", destaca-se como um grupo escultórico de volumetria recortada em formas estilizadas tendendo à abstração, que viria a caracterizar a sua fase posterior. Já no painel de azulejos vitrificados, Portinari contou com a execução de Américo Braga a partir de um projeto cujo estudo original se encontra na residência da Sra. Josélia Pacheco. Nesse painel, Portinari, a partir de uma organização espacial clássica, elabora figuras geometrizadas ainda decorrentes da influência cubista, mostrando o trabalho de mulheres fiandeiras.A temática de fundo social exalta a participação feminina no trabalho de tecelagem.

 


Escultura A Família 1956
 Bruno Giorgi

O conjunto destas obras 
está na praça José Inácio Peixoto

Painel As Fiandeiras - Portinari

Execução do Painel 
por Américo Braga


No inicio dos anos 60, Cataguases recebe a obra de Djanira num painel de azulejos para a Igreja de Santa Rita. A temática hagiográfica representa Santa Rita em composição frontal. A cena composta sem a preocupação perspectivista clássica, destaca-se pelos planos sobrepostos ao modo dos ícones pré-rafaelistas. O "composité" formado pela variação da padronagem dos azulejos e o "dégradé" em tons de azul evocam a religiosidade popular e a tradição colonial portuguesa.

 


A onda da pintura mural e dos painéis se espalha por Cataguases nas residências particulares e prédios públicos distinguindo-se entre esses a pintura mural abstrata (1960) de Domenico Lazzarini situada à Rua Astolfo Dutra nº 444, onde se verifica a tendência compositiva gráfica, com linhas horizontais e verticais que se cruzam informalmente compondo pequenos espaços coloridos.
Das coleções particulares reunidas ao longo do tempo destaca-se a de Francisco Inácio Peixoto, onde existem obras de artistas brasileiros como Santa Rosa (pássaro), Portinari (D.Amélia e Inácio Peixoto), Milton da Costa (composição), Iberê Camargo (Casario);os estrangeiros Lucart (tapeçaria/animal), Utrillo (Mulheres), Picasso (s/ título - litogravura), entre outros.
Na coleção de Josélia Pacheco encontram-se obras de Bruno Giorgi (esculturas - homem, mulher deitada), Di Cavalcanti (figura feminina), Guignard (Paisagem - , Parque Municipal e Cristo), Emeric Marcier (casario), e entre as obras de Portinari ganha conotação de virtuosismo clássico.
Além de colecionadora importante,com obras de Marcier, Bruno Giorgi e Tenreiro, a pintora Nanzita é hoje uma das expressões femininas da arte produzida em Cataguases com trabalhos destacáveis no panorama da pintura mineira, como a "Natureza Morta", datada de 1946, que demonstra o interesse pela organização espacial, solucionada pelo predomínio dos volumes equilibrados.
Em fins dos anos 60, começo de 70, uma nova geração literária desponta em Cataguases, com a criação do movimento da Poesia Processo, de teor fortemente gráfico e visual. Do grupo, destacam-se Joaquim Branco e Aquiles Branco. Como parte da tentativa de revitalização do espaço cultural da cidade, são criados dois festivais audiovisuais e de música, nos quais se nota a participação de nomes como Gilberto Gil e a revelação da cantora Maria Alcione. Esse festival de grande inventividade pelas soluções visuais acrescidas à música viria a influenciar o formato de outros programas do gênero no Rio de Janeiro.
Durante os anos 70, Francisco Inácio Peixoto luta contra o abandono do patrimônio artístico do Colégio Cataguases e pela restauração e conservação do "Painel de Tiradentes". Após inúmeras tentativas junto à população local e ao governo mineiro, desiste e o painel é vendido para o Governo de São Paulo, encontrando-se, atualmente, no Memorial da América Latina. Segundo palavras do próprio Francisco Peixoto em correspondência a Laís Correia de Araújo:
"Bem que eu gostaria que o TIRADENTES fosse para outras plagas. Cheguei à conclusão de que Cataguases não o merece e nem tem condições de preseervá-lo. E nem só Cataguases: Minas também." (19)
A triste constatação de Francisco Peixoto só poderá ser reparada a partir das novas gerações de Cataguasenses que hoje reavaliam e revalorizam o impulso modernista que transformou visual e urbanisticamente a feição da cidade. As obras modernas que surpreendem o visitante desavisado, por sua presença cotidiana correm o risco de passarem despercebidas pela própria população local, tornando-se um lugar comum. Mas a insinuação dessa modernidade visual não deixa de reverter-se hoje de importância mais que artística, histórica e patrimonial. Constitui-se em referencia daquela inquietude própria ao "espírito moderno" que contagia os artistas e a intelectualidade brasileira dos anos 20.
Esse primeiro exercício de analise do fenômeno ocorrido em Cataguases, ainda que incipiente e narrativo, nos levou a conviver com essa atmosfera do desejo de ser moderno, que impulsionou a importação de artistas e suas obras numa composição mosaica do fato visual modernizante. É possível, portanto, compreender que se o movimento literário de 27 deixou a semente da modernidade, essa frutificou, se não em artistas locais ao menos numa vontade modernista, que transformou a cidade num grande Museu de concepções novas, abertas a releituras constantes e que se revela a cada geração num impulso de movimento, seja na criação, seja na importação de tendências artísticas avançadas.


Cristina Ávila
Historiadora - UFMG
Mestranda em História da Arte - USP
Pesquisadora e Professora da UFMG.

NOTAS.
(1) Ver a propósito: DIAS, Fernando Correa. GÊNESE E EXPRESSÃO GRUPAL DO MODERNISMO EM MINAS. In: O Modernismo. São Paulo: Perspectiva, 1975. p. 165/177 (Or. Affonso Ávila).
(2) SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA. Pedro Dutra Inácio Neto. Cataguases: 1993 p.7. (texto mímeo).
(3) RESENDE, Henrique. PEQUENA HISTORIA SENTIMENTAL DE CATAGUASES. Belo Horizonte: Itatiaia p.71.
(4) CATAGUASES. Cataguases. 2 ago. 1925. HORA DE ARTE. p.2.
(5) Ver a propósito. AVILA, Cristina. Aníbal Mattos e seu Tempo. Belo Horizonte: Prefeitura Municipal, 1992 .p.7/16
(6) Correspondência de Rosário Fusco a Lais Corrêa de Araújo. S/d. (Col. Lais Corrêa de Araújo).
(7) Correspondência de Mário de Andrade a Rosário Fusco - São Paulo: 25-dez, 1927 (Col. Lais Corrêa de Araújo).
(8) Correspondência de Alcântara Machado a Rosário Fusco datada de 5 dz. 1927 (Col. François R. Fusco)
(9) Idem.11 jan., 1928.
(10) ANIBAL Mattos. Cataguases,cataguases.4 mar. 1928.p.1
(11) Ver a propósito: Idem, Ibdem. 19, mar.1928 p.2.
(12) A MATTA, através da visão esthetica de Aníbal Mattos. CATAGUASES: Cataguases, 8 abr. 1928. p. 1.
(12) Esses desenhos encontram-se na coleção Mario de Andrade, da I.E.B. USP/São Paulo.
(13) Correspondência de Marques Rebelo a Francisco Inácio Peixoto datada de Buenos Aires 31/jul/1945 (Col. Família Peixoto).
(14) O ESTUDANTE, Cataguases, jul 1949. nº1. p.10
(15) Idem, Ibidem. 11dez. 1949 p .7
(16) MEIA-PATACA. Cataguases: junho. 1949 p.3
(17) Correspondência de Marcos Rebello Francisco Inácio Peixoto 6.jan 1950 (Col. Família Peixoto).
(18) CATAGUASES. Cataguases: 27-5-1951 .p.1
(19) Correspondência de Francisco I. Peixoto a Lais Corrêa de Araújo. CATAGUASES: 5 de out. 1974 (Col. Da escritora)

Comentários

": Memória e Cidadania, 1991.
Refletir sobre a modernidade brasileira através da mineira Cataguases é a pretensão desta exposição , que implicou o trabalho conjunto de muitos - pessoas e instituições - e exigiu, na prática, a cooperação entre o Poder Público - municipal, estadual e federal - a colaboração da comunidade e o apoio de empresas, entidades profissionais.
O Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural/ IBPC, através da 13ª Coordenação Regional em Minas Gerais, e a Prefeitura Municipal de Cataguases, vêm trabalhando em parceria desde 1988, com o Projeto Memória e Patrimônio Cultural de Cataguases, que pesquisou a memória oral, visual e documental, além de inventariar os bens culturais imóveis, móveis e integrados. Essa parceria ampliou-se no Projeto Cataguases: Um Olhar Sobre a Modernidade - proposta do Instituto dos Arquitetos do Brasil - Departamento de Minas Gerais/IAB - MG, que encontrou apoio na Secretaria de Estado da Cultura, no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Minas Gerais/ IEPHA e na população de Cataguases, sem a qual esta exposição não se tornaria possível .
Trata-se, uma vez mais, da memória da cidade, entendida não apenas na sua dimensão histórica de crítica do passado, mas sobretudo na dimensão voluntária e intencional, enquanto experiência do vivido. Nesta exposição, Cataguases olha a se mesma e, ao mesmo tempo, se mostra ao olhar de outros, como contribuição para a complexa geografia histórica do modernismo, que ainda precisa ser escrita e explicada por inteiro, em suas ambigüidades e contradições.