QUADRO
NATURAL Resumo do trabalho "Estudo Regional da Zona da Mata Mineira", de Orlando Valverde, publicado na Revista Brasileira de Geografia, 1958, ano XX, vol 1. Dados atualizados. Posição Geográfica no Estado - localizada no sudeste de Minas Gerais, ocupa uma área de 36.058 km quadrados, correspondente a 6,2% da superfície do Estado. Possui 142 municípios pequenos. Faz limite com os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e as zona do Sul, Campos da Vertente, Metalúrgica e Rio Doce. Demografia - possui uma população estimada em 1.900.000, apresenta densidade bem superior à média do Estado. Vegetação - Foi a fisionomia da vegetação natural que deu a esta região o nome tradicional que ela ainda conserva. A Zona da Mata foi submetida a uma devastação generalizada, de tal modo que, só os cumes de algumas elevações possuem manchas acanhadas de matas. Nas partes norte e leste da região a devastação não foi tão drástica. Observadas no plano do terreno, entretanto, estas manchas de florestas residuais são, todas elas, secundárias. Isto pode ser comprovado de longe, observando as numerosas copas de embaúbas brancas ou prateadas, que emergem do meio da abóbada foliar destas formações bem delimitadas. Ora, a embaúba é uma árvore ávida de luz que só se desenvolve onde a floresta foi derrubada. Paradoxalmente, pode-se afirmar que uma das características atuais da paisagem da Zona da Mata é a falta de matas. Por toda a parte o homem substituiu o manto escuro das florestas pelo pasto claro e aveludado do capim-gordura. Em suas condições originais, a formação vegetal que sugeriu o nome da região formava um todo contínuo com a floresta do médio Paraíba, ao sul, e o vale do rio Doce, ao norte. A oeste, limitavam-na os campos naturais do cento e do sul de Minas. Dado os limites horizontais da mata da região em estudo, resta conhecer os limites verticais, sendo escolhido o maciço do Caparaó para estudo, por exprimir melhor a vegetação da montanha. A mata tropical foi transformada em capoeiras e samambaias, de onde emergem os troncos semicarbonizados de grandes árvores que outrora existiam. Na mata do Pico da Bandeira observa-se embaúbas até a altitude de 1300 metros, e, a partir dos 1400, a criciúma, um bambu fino que cresce nas formações densas em alguns lugares devastados. Por volta dos 1500 metros de altitude, a mata adquire caráter subtropical, com muitas epífitas e poucas lianas: além das árvores de 20 a 25 metros de altura, tornam-se muito numerosas as árvores e arbustos com 6 metros de altura, aproximadamente. Na escalada do Pico da Bandeira, aos 1900 metros só podem observar árvores grandes nos grotões. Aos 2.000 metros, mais ou menos, passa-se ao predomínio absoluto da vegetação arbustiva. Dentre as árvores, só uma que ocorre isolada ai aparece chamada vulgarmente de candeia. Nos 2600 metros crescem exclusivamente arbustos. Relevo - Os morros e colinas, entre 500 e 900 metros de altitude dominam a área. As belas escarpas da Mantiqueira aparecem a sudoeste da região. A nordeste ergue-se o imponente maciço do Caparaó. Ele representa um dos extremos da depressão sem sela, na interpretação de Ruellan, destacando-se o Pico da Bandeira. Rios - A penetração dos rios através das falhas e fraturas transversais proporcionou boa drenagem para a Zona da Mata com o desenvolvimento de grandes bacias e a conseqüente regularização dos perfis dos cursos fluviais. O norte é banhado pelos afluentes do rio Doce (Piranga e Manhuaçu). O sul é percorrido pelo rio Paraíba do Sul e seus afluentes (Preto, Peixe, Paraibuna, Pomba, Muriaé, Pirapetinga, Carangola, etc.). Solos - em toda a Zona da Mata há um predomínio dos latossolos de coloração alaranjada ou amarelada. Em raros lugares foi possível observa o tipo de transição latossólico-podzólico. Diferenciações maiores na classificação dos solos vão encontrar-se apenas nos limites da região. A oeste, em conseqüência sobretudo da rocha matriz, passam a ocorrer litossolos derivados de sericitaxistos, micaxistos. A leste, em virtude do fator altitude, os latossolos cedem lugar ao latossolo humoso, bem mais escuro e mais fértil, nas fraldas do Pico da Bandeira. Do ponto de vista da fertilidade pode-se considerar que, ao iniciar-se a exploração, os solos da Zona da Mata, de modo geral, apresentavam-se moderadamente férteis. Muito provavelmente seriam ácidos mas possuíam bom teor de humos proporcionado pela floresta. |