PAISAGEM
ECONÔMICA DA ZONA DA MATA Resumo do trabalho "Estudo Regional da Zona da Mata Mineira", de Orlando Valverde, publicado na Revista Brasileira de Geografia, 1958, ano XX, vol 1. Dados atualizados. A evolução dos meios de transporte, bem como dos regimes de propriedades e dos sistemas de utilização da terra na Zona da Mata deram origem aos seus tipos atuais de paisagem. Orlando Valverde define seis faixas como zonas de atividades econômicas. Faixa de Laticínios Todas as terras do sul e do leste da região se dedica à atividade de laticínios, predominando as fazendas grandes. O gado é criado em pastos divididos e é, na maioria, de raças leiteiras, sobretudo e originalmente o holandês, com mestiçagem de zebu. Nas encostas dos morros há poucas lavouras, das quais as mais comuns são de milho e café. Predominam os pastos de capim gordura. Os pastos das encostas e as microformas do relevo mostram, quase sempre, os vestígios de dois ciclos econômicos sucessivos: as filas dos montículos que sustentavam os pés de café, descendo as ladeiras segundo as linhas de maior declive, e as marcas horizontais de pisoteio do gado. As plantações de café são pequenas e geralmente velhas. Zona de Leopoldina No interior da zona leiteira velha fica a zona de Leopoldina, que tem a forma de um crescente voltado para o norte. No meio esta aquela cidade; numa ponta fica Mercês, e na outra, Muriaé. Embora esta seja uma parte da tradicional da Zona da Mata, nada resta da floresta tropical primitiva; quase tudo foi transformado em pasto. Os municípios que ficam a leste, nordeste e oeste têm uma agricultura de certa importância: arroz, cana, milho, além de uma pecuária de leite relativamente adiantada. A cultura do café esta praticamente extinta. A cana-de-açúcar é geralmente cultivada em pequenos campos, destinando-se à produção de aguardente. A lavoura que fez maior progresso depois da do café foi a do arroz. Todo ele é arroz de brejo, plantado primeiro em viveiros e depois em várzea alagada, dando duas safras por ano. A criação do gado leiteiro sempre acompanhou a história da Zona da Mata. A princípio, como atividade secundária. Criava-se gado apenas para os serviços da fazenda e para abastece-la de carne e leite. Mais tarde, quando os cafezais deixaram áreas apreciáveis de terras cansadas, a melhor maneira de aproveitá-las foi com a pecuária extensiva. Posteriormente, nas áreas acessíveis, a princípio por estrada de ferro, e posteriormente por estrada de rodagem, tornou-se mais rendosa a exploração do gado leiteiro. A data possível do advento da pecuária leiteira situa-se entre 1910-1912, época em que passou a sobrepujar o café. Em 1912 fundou-se a primeira usina de laticínios do município de Leopoldina, que foi a de Abaíba. A criação do gado leiteiro não é privilegio das grandes propriedades; há inúmeros exemplos de sítios e granjas leiteiras perfeitamente eficientes, dependendo, é verdade, de cooperativas bem organizadas e do emprego de sistemas agrícolas intensivos. Zona dos Sítios de Fumo Com a decadência do café por volta de 1930, floresce na região de Ubá uma próspera indústria fumícula que, nos anos de maior desenvolvimento, chegou a ter cinquenta depósitos de fumo de corda. Cultivado principalmente por pequenos proprietários rurais, os sítios situavam-se em terras de 12 a 15 hectares. Em dezembro, costumam semear, mas o plantio depende do começo das chuvas; em fevereiro arrancam a muda do canteiro e transplantam. De maio em diante, colhem. Para preparar o fumo, penduram-se na pindoba e depois que seca tiram o talo e fiam. Apertam em seguida no macaco para ficar acochoado. Até a hora de enrolar, o preparo do fumo em corda é, por conseguinte, o mesmo que o do fumo em folha. O fumo em corda é então vendido para os armazenistas. Zona Açucareira dos Sitiantes Há mais de uma área de pequenos proprietários produzindo laticínios na Zona da Mata. Dentre elas a mais importante estende-se de Carangola para oeste, até Fervedouro. Esta área é percorrida por uma estrada que acompanha o vale do ribeirão Maranhão. Este curso d'água divaga numa grande várzea. O principal aproveitamento da terra que aqui se pratica é a criação de gado holandês ou de outras raças também leiteiras, com mestiçagem de zebu. As propriedades são pequenas. Além de pastos há culturas de milho e, em menor escala, de cana e arroz de brejo. O café, do início do povoamento, esta decadente. Em muitos lugares restaram apenas alguns vestígios dos velhos cafezais. Zonas Cafeeiras Ao norte de nordeste da Zona da Mata, já nos limites com o vale do rio Doce, ficam as áreas ainda cafeeiras. Embora esta seja uma área de ocupação relativamente velha, o café ainda se mantém como cultura. O cafezal cresce em terrenos inclinados e mais altos, prática irracional e antieconômica, típica das terras cafeeiras em declínio. Os sítios cafeeiros de Manhumirim ao Caparaó são assim vanguardeiros daquela que foi a mais importante província mineira de café durante o final do século XIX e começo do século XX. A derradeira causa da decadência da atividade ocorre com a política de erradicação de cafezais na década de 60. Setor Industrial O setor industrial esta sobretudo voltado para indústrias tradicionais como a de alimentos, têxteis e de madeiras. Para este segmento destacamos informações nos textos dedicados a Juiz de Fora, a Manchester Mineira. |