UBÁ
Ainda na fase mineradora tem início o devassamento das chamadas Áreas
Proibidas. Para povoar o território se multiplicam as concessões de sesmarias no curso
do século XVIII. A decadência da mineração acabaria alterando a política
metropolitana, ficando em desuso o preceito do Alvará de 1733, que proibira a abertura de
novas picadas para a Capitania das Minas Gerais.
Nos primórdios do século XVIII tentara-se a catequese na região,
porém sem êxito. Somente em 1765, por ordem do governador da Capitania, D. Luís Diogo
Lobo da Silva, confirmou-se a nomeação do Padre Manuel de Jesus Maria para o cargo de
Diretor dos Índios dos Rios Pomba e Peixe. Em 1813 chegaria à Zona da Mata Guido Tomaz
Marlière, nomeado Comandante das Divisões Militares do Rio Doce e Encarregado da
Civilização e Catequese dos Índios. Iniciaria, então a obra de desbravador e
catequista dos sertões da mata, instalando o seu quartel-general no lugar denominado
Serra do Onça, posteriormente Guidoval. Estes homens precederam a afluência de colonos
para a região onde se encontra hoje a cidade de Ubá.
Além de fronteira de ocupação, a terra era barata. Uma grande
extensão de terras não tinha proprietários e, mesmo nas partes já apropriadas, a
propriedade era muitas vezes mais nominal que efetiva. Portanto, tudo o que o camponês
tinha de fazer era se mover para um pedaço não apropriado, construir sua cabana e
plantar a sua roça. Em 1845, era estimado que 45 porcento da área da província era
ocupado por posses. Das grandes famílias que povoaram a larga faixa dos sertões do
leste, encontra-se a do capitão-mor Antônio Januário Carneiro, descendente de Manuel
Borba Gato, e fundador da fazenda Boa Esperança. Em suas terras é erguida a primeira
capela em honra a São Januário, no então primitivo arraial de São Januário de Ubá. A
lei no. 654, de 1853, fez de São Januário de Ubá sede de vila, sendo elevada à
categoria de cidade em 3 de julho de 1857.
A agricultura seria a atividade fundamental do município. Sem
experiência suficiente, as fazendas no princípio somente produziam lavouras de
subsistência. A vida na fazenda, em seus primeiros tempos, desenvolveu um sentido
fortemente paternalista. A economia fechada isolava as criaturas num círculo de usos
rotineiros e quase primitivos. Afora a reza aos domingos no arraial, a sociabilidade mais
importante era o multirão, que consistia num chamado de vizinhos para realizar
determinados trabalhos, podendo ser uma roçada ou até obras. Não havia paga, senão o
compromisso moral de retribuir, quando necessário.
A plantação de café iria modificar as fazendas. Em contraste com a
economia de outras propriedades mineiras, onde a auto-suficiência e diversificação
interna não tinham ligações com mercados diferentes, na região da Mata, em especial
Ubá, a exportação do excedente para outros centros se tornou uma prática. Uma
indústria rural, a fabricação de fumo em corda, produzida pela colônia italiana iria
ser o sustentáculo econômico do município posteriormente. Este foi o início do
desenvolvimento de indústrias que, com a queda da economia agrícola, passou a ser o
centro dinâmico de Ubá.
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