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METAMORFOSE DE MINAS

A metamorfose de Minas

Antonio de Paiva Moura



No final do século XVIII e início no século XIX o território da então Capitania de Minas Gerais era quase a metade do que se constituirá a Província (1822-1889) e atual Estado. No dizer de Saint Hilaire era quase como um losango. Resumia-se no espaço delimitado para as atividades mineradoras de ouro e diamante.

Os colonizadores portugueses, com todas as dificuldades, mantiveram a mineração da forma que mais lhes convinham, com a prevalência do arcaismo, enquanto:

a) existiam jazidas superficiais, isto é, depósitos aluvionais recentes, em que os minerais podiam ser extraídos com instrumental e técnicas rudimentares;

b) foi possível manter a repressão para abafar revoltas, motins e resistências contra os privilégios e as injustiças;

c) puderam evitar as mudanças modernizadoras do sistema exploratório que exigiam aplicações de capitais a longo prazo e tecnologia mais apropriada;

d) foi possível nutrir no povo a crença de que os lusitanos eram eleitos por Deus para colonizar, isto é, obrigar o povo a aceitar a sacralidade da colonização.

A administração pombalina (1750-1777) havia preparado a sociedade colonial para mudanças nas estratégias de colonização; as idéias iluministas e as transformações na vida institucional da Europa fizeram aflorar as contradições latentes no âmbito da sociedade mineradora espoliada, que resolveu se rebelar. (1789). Os colonizadores perceberam que não podiam ou não conseguiam mais manter a mineração aurífera. A punição aos inconfidentes com degredos, confinamentos e pena de morte foi aterrorizante, como revela o esquartejamento de Tiradentes. Igualmente rigorosas foram as perseguições sobre os habitantes das cidades auríferas, com prisões, confiscos de bens e humilhações públicas. A partir da Inconfidência Mineira as cidades do ciclo do ouro passaram por um melancólico esvaziamento. Os mineradores, os clérigos e escravos se distanciam das cidades buscando longínquas terras. Por onde chegam os ex-mineradores já transformados em agropecuaristas, vão empurrando as linhas divisórias da Província de Minas. No dizer de Carrato, uma verdadeira diáspora. Os migrantes partiram em massa na busca de novas aventuras, encontrando imensas florestas e terras desabitadas. Às vezes ainda tentavam a mineração de ouro ou de gemas, mas acabavam abrindo currrais, fazendas e pequenos negócios; começam a ereção de capelas, criação de freguesias ou vilas. (CARRATO, J.F. 1968)



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