Cult'uais VenhameVERDEperto UniVLERCidades Revista d'As Minas Gerais Pesquisa Editoria d'As Minas Gerais Livro de Visitas
VALE DO JEQUITINHONHA
Região do Vale do Jequitinhonha

Editor de Geografia: Márcio Tasca
Colaboradores na pesquisa:
Professor Marcelino Morais - coordenador do curso de Geografia e Meio Ambiente do Unicentro Newton Paiva.
Autor dos textos: Ronaldo do Nascimento Gonçalves

A bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha abrange grande parte do nordeste do Estado de Minas Gerais e pequeno setor do sudeste da Bahia. Está compreendida entre os paralelos 16º e 18°S e os meridianos 39º e 44ºW, totalizando uma área de 70.315 km2. Desta área, 66.319 km2 situam-se em Minas Gerais, enquanto 3.996 km2 pertencem à Bahia. A bacia abarca 11,3% da área de Minas Gerais e apenas 0,8% da Bahia, eqüivalendo a 6,1% da área combinada dos dois estados.
A área compreende seis mesorregiões, subdivididas em onze microrregiões, com sessenta e três municípios, estando 41 totalmente incluídos na bacia e 22 parcialmente.
O índice de pobreza ostentado pela região é elevado, ocasionando êxodo rural para os
grandes centros urbanos e um esvaziamento demográfico persistente. Com mais de dois
terços da população vivendo na zona rural, ela tem sido caracterizada em vários estudos
como "região deprimida", onde os índices de pobreza, miséria, desnutrição,
mortalidade, analfabetismo, desemprego e infra-estrutura sócio-econômica imperam
desfavoravelmente em grande parte dos municípios.
Vários diagnósticos convergem ao apontar as restrições hídricas e as secas
periódicas como agentes relevantes para o baixo desempenho da agropecuária na bacia,
que ainda responde por 30% do PIB regional. Esses fatores, somados à carência de
investimentos públicos e privados, corroboram a tese de que a região é expulsora de
população.
Todavia, esse quadro depressivo vem sendo paulatinamente modificado para
melhor pêlos governos estaduais, que vêm desenvolvendo esforços no sentido de
aperfeiçoar a malha viária e de distribuição de energia elétrica como forma de canalizar
recursos para a implantação de indústrias e melhorar o escoamento de produtos gerados
na região, além de facilitar a entrada e a circulação de produtos vindos de outros
mercados.
O rio Jequitinhonha é o recurso natural mais importante da região. Atividades
humanas de desmatamento para fins agropastoris, de mineração e de garimpagem em
seu alto curso e alguns dos afluentes têm causado, no decurso dos anos, modificações
importantes no ciclo hidrológico. Além disso, foi observada em todo o vale a formação
de densos terracetes de pisoteio nas encostas.
Todo o leito do Jequitinhonha mostra assoreamento extensivo. A desembocadura
na cidade de Belmonte acha-se intensamente colmatada em função do aporte de material
carreado do alto e médio cursos, comprometendo as atividades de navegação nos canais
que dão acesso à cidade vizinha de Canavieiras.
Pelas características físicas particulares de clima e relevo, associadas às condições
sócio-econômicas, sobretudo de saneamento básico, a bacia do Jequitinhonha configurase
um desafio às políticas governamentais. Grande parte de seus municípios está
enquadrada na área de atuação da SUDENE mas, recentemente, tem-se pleiteado a
colocação de toda a bacia sob sua jurisdição.
Em 1995, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -- IBGE, através da
Primeira Divisão de Geociências do Nordeste (DIGEO 1 - NE 1), mereceu a
responsabilidade de efetuar um diagnóstico da qualidade ambiental da área, procurando
com esse tipo de trabalho fornecer subsídios às políticas governamentais direcionadas
para a melhoria da qualidade de vida da população ali estabelecida. As análises
propostas incluem sugestões de melhor saneamento básico, controle e monitoramento
dos recursos hídricos e aperfeiçoamento da malha viária, examinando também a
degradação decorrente das atividades de mineração e buscando esboçar um quadro
amplo das políticas de uso da terra em vigor na área.
O rio Jequitinhonha nasce nas serras do Espinhaço, a sul da cidade de Diamantina,
nos arredores da localidade de Capivari, sopé do Morro Redondo, a uma altitude
aproximada de 1.200m. Sua bacia confina a norte com a bacia do rio Pardo; a sul, limita
com a bacia do rio Doce; a sudeste, situam-se divisores do Mucuri e de várias pequenas
bacias independentes; a oeste, o maciço do Espinhaço é divisor da bacia do rio São
Francisco; e a leste, situa-se o Oceano Atlântico. Os principais afluentes do rio
Jequitinhonha são os rios Itacambiruçu, Salinas, São Pedro e São Francisco pela
margem esquerda, e Araçuaí, Piauí e São Miguel, pela margem direita .