|
|
FERNANDA |
|
Fernanda, querida
Um raio de sol da tarde buscou uma janela perdida nesta imensa cidade. Achou e refletiu num instante seu retrato na minha mesa. Foi assim que, numa lembrança esvaída, você surgiu na minha memória de hoje, subitamente. Um breve arrepio tocou minha pele e meus pêlos. Foi a saudade de você que me fez ficar assim. "Sempre te amei, sempre te amarei" foi o que meu coração disse. Saudades de seu lindo sorriso, de sua voz (às vezes tristes), das manhãs e tardes no Teatro do Instituto quando você dançava "Brasileirinha", das noites de festas quando você chegava linda, deslumbrante com seus olhos negros brilhando mais do que o sol e a lua. Uma vez escrevi um poeminha para você. Porém, não entreguei (você já estava casada e achei que não seria elegante). Mas agora, você de coração leve, livre e solto te mando nesta cartinha (espero que gostes).
Os olhos de Fernanda
Seus olhos tão negros, Tão belos, tão puros, Estrelas incertas, Têm meiga expressão, Mais doces que ameixa São meigos infantes, gentis Brincando a sorrir Seus olhos tão negros Tão belos, tão puros Assim é que são Às vezes luzindo, Serenos, tranqüilos, Às vezes vulcão Trago, sempre No meu coração.
Fernanda, Não se esqueça do que eu te disse no telefone: se precisar de alguma coisa me ligue, telefone (não pode ser aquele que aparece "sem identificação"), porque não saberei que é você. Na Semana Santa, bem que você poderia vir me visitar (pode trazer a Letícia). O que você acha? Vocês duas precisam sair um pouco, passear, ver lugares novos. Quem sabe sua mãe tome conta dela para que você possa vir?
Fica aqui um beijo para você e lembre-se: "Sempre te amei, sempre te amarei".
De teu Carlos.
De tão longe, 1 de março de 2007
|
|
|
|