Cult'uais VenhameVERDEperto UniVLERCidades Revista d'As Minas Gerais Pesquisa Editoria d'As Minas Gerais Livro de Visitas
MEMÓRIA DE POEMAS
PRIMEIRO POEMA 3
SEGUNDO POEMA 3
PORTEIRAS SE ABREM 5
PRAÇA DA LIBERDADE 5
REPÚBLICA FEMININA "BEM NA BÔCA" 7
O ARTISTA 8
GALOPANDO SOB ESTRELAS 9
NA EMOÇÃO DA AÇÃO 10
OURO PRETO EM CHAMAS 10
RUMO AO PANTANAL 14
DE SHORT 15
ALTO VERÃO 15
NO SOL 16
VIDEO-GAME 18
MATANÇA 18
POEMA EM DOIS TEMPOS 19
CHUVAS TROPICAIS 20
AO RIO COM AMOR 20
NEW YORK 21
FILTROS 22
TUTU COM FANTASMAS 22
VENDO ESTRELAS COM UMA ESTRELA 23
A Pena 24
IN VINO VERITAS 24
ARACNÍDEA VULVA 24
NA ALCOVA 25
ELA 26
A ARANHA 26
MIGUELÂNGELO 27
VELHAS TRAÇAS 27
SOLIDÃO 28
MORTE 28
EXISTIR 29
NOTURNO 30
HOMENAGEM A ALPHONSUS 30
MARIANA 31
POEMA PARA UMA MULHER QUE NÃO EXISTE 31
ÚLTIMO POEMA 32
DEUS 33
Maçã 33
Beata 33
Torneiras 33
Tropecei 34
HAPPY HOUR 34
TREM 34
Um Para o Outro 34
Brasileiro ? 34
Os Cães e os Postes 34
Poe 35
CIDADE do INTERIOR 35
Erundina 35
Meu tio Lulu 35
NESSA CALMA INFERNAL 36
VILARICACHAÇA 36
JUNTO AO ABISMO EM VERTIGEM FORMIDÁVEL 38
PRA AJUDAR NA FOLIA 38
POEMA EM AZUL 39
POEMA EM VERDE 39
POEMA EM AMARELO 40
POEMA EM ROXO 40
POEMA EM PRETO E VERMELHO 40
ROSA 41
MINHA PRIMA CRISTIANA 41
Pra que 42
O OLHAR DE PRISCILA 42
Atuando 43
ZÉ 43
MAMBERTIS 44
FOGO 45
REVOLUÇÕES 45
LIVING 46
Tremelicando 46
Realizando Fantasias 47
Felatio 48
PASSAGEM 49
CAMINHO 50
ETAPA 51
LINDA CAMINHADA 52
"VIAJAR AINDA É VIAJAR" 52






Ó vós que entrais
Deixai toda esperança
Dante
( Do Portão do Inferno)


Nem toda hora é obra
Nem toda obra é prima
Algumas são mães
Outras são irmãs
Algumas clima

Paulo Leminsk



PRIMEIRO POEMA

Entranhas fundo do poema :
Amor
Populismos
História
Sentimentos
Lugares comuns
Recordações
Solidão d'alma
Sensações
Lembranças de parnasianas eras
Grandiloquencias
Filosofia
O quotidiano
Revoluções
Experiências co'a palavra
usar da palavra
usada palavra
ossada assada da língua
ouso palavra
suada palavra
meditada palavra
colorida palavra
repentina palavra.




SEGUNDO POEMA


Na rota
antes traçada
destroços
na curva
inesperada.
Destroçada a rota
no meio do caminho
traço de novo
avanço sem fim.
Mas além da reta
espero
curvas, atalhos, desvios
pois há que contar com o acaso
que vida não é uma reta.
Me abstraio e figuro
no complexo desenho da vida
e exulto
pois há na estrada
depois da tempestade
de repente um arco íris.


PORTEIRAS SE ABREM


Curral de estrelas
se abrindo para o infinito.
Uma nova região me penetra
simbolizada em caminhos etéreos.

Porteiras de Minas
com cheiro de esterco
e grandeza do universo
se misturam

Através do movimento dos astros
( as revoluções ),
Os corpos se atraem
( é da física ),
Avanço no cosmos.
Ah vontade de irmos juntos,
sem peso,
Vagando - brilhando, orgasticamente
no espaço,

Presente o cheiro de esterco
das porteiras de Minas,
mas sem preocupação de qualquer escândalo.

Do alto te vejo, ó Luminárias do Sul de Minas
cujo nome deves à misteriosas luzes,
só que agora as pastagens são um campo de estrelas
e bebo-lhes o néctar.

Vem amor,
Façamos a Via Láctea
Do jeito que a gente gosta.




PRAÇA DA LIBERDADE

Meio dia,
nos jardins poesia
da Praça da Liberdade,
nos prédios burocracia.
Todo dia é de nomeações
e muitas promessas
na Praça da Liberdade.
Despachos, cafezinho,
papel pra lá, cafezinho,
papel pra cá, cafezinho,
na Praça da Liberdade.
Telefone do gabinete tal,
chegou o parente de fulano,
reclama da demora beltrano.
Confusão oficial
na Praça da Liberdade.
O senador telefonou raivoso
dizendo que ele é senador
e o deputado, deputado.
Cortaram a verba em Brasília,
o processo sumiu,
na Praça da Liberdade.

Minas está onde sempre esteve,
isto é:
Muito antes pelo contrário.

O governador não está sabendo,
mas o secretário...
Conversas ao pé do ouvido
na Praça da Liberdade.
Falou mais foi demitido.
E o aumento do funcionalismo?



Ano de eleição é outra coisa
na Praça da Liberdade.
O contínuo vai fazer setenta anos,
não se aposenta para não perder uns proventos.
A secretária passou baton
e muita sinecura
na Praça da Liberdade.
Enquanto isso, morria de nostalgia
com saudades da época do footing,
o coreto da Praça da Liberdade,
hoje restaurada pela MBR.




REPÚBLICA FEMININA "BEM NA BÔCA"

Bem na boca,
já quase um poema.
Estuda-se
Aprende-se
Aulas -
E a lição é na ponta da língua.

Bem lá, bem alí,
do lado de cá,
do lado e lá.
Segredos de república.
"Beijo que estreita na boca palavras apaixonadas",
não ditas.
Segundos? Minutos? Horas?
A eternidade?
E o batom? Onde fica?
Sensação orgástica. Ah que delícia!
é bom demais.
Bem na Boca
já é poema



O ARTISTA

Não sou um burocrata,
sou um artista,
não um profissional liberal.

Sou "antena da raça",
romper obstáculos,
saltar fronteiras,
é o meu destino absoluto.

Em meio ao horror da humana condição,
o fogo
queima teias
desnudando a verdade,
beleza estonteante,
em mármore esculpida.

Sou dessa gente que às vezes traz desordem
porque necessária à esperança.

No cotidiano de castelos de areia,
vejo o vento que venta,
que venta de séculos.

Limpo pincéis,
entro em cena
com a vida em jogo,
aceito o desafio da folha em branco,
brinco,
pela orelha que traduz ondas sonoras,
entra a música
para possuir o corpo, sapatear
e soltar pássaros da garganta.
Ao movimento de "câmera":
Ação.
Do sonho tenho a chave
e ao louco torno são.

Risco uma estrela no céu
atento a Deus
pelo pão dos homens.



GALOPANDO SOB ESTRELAS

Vou jogar o cabresto
vou tirar o cabresto
vou jogá-lo pra lua
vou jogá-lo no vento
bem no meio da mata.
À todo galope
À todo galope
À todo galope
ventas abertas
na brisa da noite
vou tirar o cabresto
no meio da mata
a trilha e o cipó,
o campo, o orvalho,
crinas brilhando,
barulho de cascos
no seio da terra.
Como Dom Perignon
estou bebendo estrelas


NA EMOÇÃO DA AÇÃO

Na emoção da ação
o coração dispara.
Não ação direta
ou do outro lado do mundo
desencadeado,
ambições se chocam,
a morte ronda
no vazio
o fogo reacende
e o coração dispara.
A tensão é o limite
na emoção da ação.

OURO PRETO EM CHAMAS

Trêbado subo
as carcomidas escadas
do velho Hotel Toffolo de Ouro Preto
na tortuosa Rua São José,
o mais antigo da cidade,
citado em poema de Drummond.

Eu que sou amigo da madrugada,
nela me comprazo,
dela usufruo como bom amante
e em Ouro Preto não me furto,
mesmo sob a chuva fina, intermitente,
a mais uma
num último e misterioso buteco
num beco próximo a Antônio Dias
em cuja casa dizem ter morado o Aleijadinho.

O hoteleiro incomodado
me dá a minha chave
com ar contrariado
de em tais horas ser acordado.

Sonolento na cama, cigarro na mão,
adormeço.

Só no dia seguinte percebo
que o cigarro na mão
virou redondo buraco
na colcha, lençol e colchão.
Constatando o acidente
os donos do hotel reclamam
que aquilo poderia
ter virado imenso incêndio.

Imagino então o Toffolo em chamas.
A noite de vento espalha fagulhas.
Os casarões ao lado
são com o Toffolo
uma só fogueira.

A Casa dos Contratos,
hoje Casa dos Contos chamada,
foi lugar de ouro, poder, traição
e o primeiro inconfidente morto,
suicídio ou não,
o poeta Cláudio Manuel
de Gonzaga irmão.
Arde logo
ao lado
que é Toffolo
o segundo casarão.

E já o fogo desceu
pros lados da antiga matriz,
a augusta matriz do Pilar,
e sobe a Rua Direita,
velhas casas,
inflamáveis a crepitar.

A casa da Baronesa
crepita sua singeleza
em esvaída nobreza.

Grande dano também
na ex-casa de câmara e cadeia,
o Museu da Inconfidência:
aleijadinho, mobílias, peças,
armas, oratórios, vestuário,
quadros, papéis,
testemunho inolvidável
do que em Ouro Preto se passou,
incluindo a forca do mártir,
queimam como se fossem
a própria História que se queimasse.
Nem bandeira restou.
A imensa Libertas quæ seras Tamem
em ondulantes chamas
cinzas virou.

O fogo descendo a encosta
em direção a Antônio Dias
vai consumindo capelas,
casas de artistas, poetas
e também das Marílias belas.

Mas o jardim suspenso da casa de Gonzaga
em por estando mais alto
de todas as chamas escapa.

Os ossos nas tumbas dos cemitérios
e chãos de igrejas
queimados anseiam por outra libertação:
exaltar Vila Rica
na História e na tradição.

Ah! Que sonho tenebroso
Ouro Preto ver em chamas,
ver surgir no lugar da cidade,
asfalto, shopping center, concreto,
que muitos vilões desejariam
que nem Silvério dos Reis
pra terem dívidas perdoadas
e verem encher suas bolsas.

O palácio dos Governadores
cheio de crimes de sangue
expia suas iniqüidades:
fica igual ao Morro da Queimada
em chamas alucinantes.

A menina dos olhos
de Antônio Francisco Lisboa,
a igreja de São Francisco de Assis,
pra estupor da arquitetura mundial
tem a pedra sabão da escultura
do frontispício genial,
a escorrer no calor
que nem orgasmo feminal.
Os cabelos encaracolados
dos anjos de mestre de Athaíde,
mais mulatos ficam
antes de se dissolverem em pó
na temperatura infernal.

Os negros que não se importam,
suas costas já estão acostumadas
sob o fogo dos chicotes
no inferno das senzalas.

Os fantasmas criados
pelos estudantes ou não,
vão abandonando as repúblicas,
torres de igrejas, porões.
Antônio Dias e Pilar,
antes rivais,
no mesmo fogo ardem,
iguais.

A Casa da Ópera graciosa,
o Pouso do Chico Rei,
os restos das festas do Triunfo,
os sinos, as lendas,
tabernas, pousadas, hotéis,
o ranço das sacristias
e as casas da periferia,
com o conjunto monumental,
nem Nero viu,
espetáculo igual.

No centro da Praça feito de ferro e pedra,
pairando acima do fogo
resiste
o monumento ao louco alferes.

Mas o acontecimento sinistro
que clama os anjos do céu
já entre as serras
o apogeu atingiu
e do Itacolomi se vê
o clarão diminuir.

Os restos de Vila Rica
de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto,
fumaça nos ares são,
já as brasas esfriam, já a neblina desceu.

A densa bruma
só nos permite ver mal
o perfil das ruínas,
como se tudo estivesse normal.

E normal tudo está
incluindo o simpático Toffolo,
pois tudo não passou
da imaginação de um poeta,
a partir de um pequeno acidente,
ver em chamas a terra dos ancestrais.

Mas de tudo fica um aviso
quando entrares nessa grande terra,
que é bom ter Ouro Preto
sempre conservada e aberta
em hospitalidade mineira
ao visitantes de toda terra.

RUMO AO PANTANAL

No altiplano brasileiro,
nessa imensidão,
parece que o céu
vai descer sobre a terra.
Na estrada, antes da chuva,
o vento, quase vendaval,
fustiga o automóvel,
derruba árvores, sacode palmeiras,
carrega folhas, insetos, pedras, poeira
e na chuva de pingos grossos,
toda a abóboda, tudo é cinza.
Raios descem no horizonte em formidáveis faíscas verticais.
Após vem o calor,
o imenso calor do centro da América do Sul.
O Sol, imensa bola vermelha
não turva a vista, enevoado.
Na estrada pouca gente se vê,
exceto nas proximidades das cidades incrivelmente centro-oeste,
desse inacreditável Brasil
de diversidade escandalosa.
Nessa época do ano o capim é ocre
como um imenso tapete
que como o mar
se perde, se funde com o horizonte.
Arvores isoladas em meio ao descampado, gado,
verdes esparços,
grandes espaços de terra
preparada para a soja.
Vamos a 100,120, às vezes 160 km/h
atravessando retas descomunais.

Finalmente Cáceres, fronteiriça à Bolívia.
Festival de pesca e de Rock.
Há que descer o Rio
que corre aparentemente manso o mundo,
com seus mistérios,
jacarés, piranhas, capivaras,
garças, milhões de pássaros, onças invisíveis
e os segredos do pântano.
O Brasil é imenso meu Deus!
Paraíso Agora.






DE SHORT

Estás próxima a mim
e o vento sopra agradável
agitando teus cabelos.
tu os ajeitas vaidosa
e com certa timidez
e há no silêncio
uma agradável sensação comum.

Olho as tuas mãos,
vontade de tocá-las,
fito-te e desvias o olhar,
mas não consegues esconder
o prazer e a excitação
que a minha presença te causa.

Hoje usas short,
ontem seria proibido.
Épocas de vestidos até o calcanhar,
maiôs até os joelhos,
desejos controlados,
o beijo oficial de leve no noivado.
O padre, a igreja, a confissão:
- Minha filha tem de ir à procissão.
O namoro proibido
e a moça na janela
suspira ao luar.
Tua mãe, minha avó, meu pai, tua tia,
também tiveram avós.

Hoje usas short.

O vento continua agitando teus cabelos
e aliviando o verão.
Olho teu corpo, nos olhamos,
teus lábios de batom rosa.
O amor é doce,
mas a paixão desata tempestades,
ciúme, ódio, possessão
e são tantos os preconceitos.

De short e tênis branco caminhas,
puberemente,
desejosa por conhecer o amor,
o ar faceiro, o desafio adolescente.

ALTO VERÃO


Sol brilhante no meu rosto
e nos corpos das deusas lascivas, narcisas
das praias do meu país.
"Verdes mares bravios",
Praia do Futuro, Boa viagem, Canoa Quebrada,
pés na areia
das deusas lascivas, narcisas
das praias do meu país.
Olinda, Farol da Barra, Amaralina, Porto Seguro,
troncos esculturais
das deusas lascivas, narcisas
das praias do meu país.
Búzios, Iriri, Montanhas de Minas,
estática contemplação,
Alto verão
das deusas lascivas, narcisas
das praias do meu país.
Icaraí, Ipanema, Leblon, Barra
pêlos dourados, estratégicos,
luxorientos arabescos
das deusas lascivas, narcisas
das praias do meu país.
Cabo Frio, Santos e Guarujá
Lagoas de Santa Catarina, Guaíba
pêlos, cabelos, vento,
sal e cheiro
das deusas lascivas, narcisas
das praias do meu país.
Frenesi de seios de todas as formas,
exuberância de nádegas miguelangélicas,
delírio,
Ah onda
e coxas torneadas, cor, longuidez de coxas,
mergulho,
ah-luz-cinação
Deus






NO SOL

No sol
Luminoso
Forte
Meu corpo
Suor
Calor
Céu
Prazer
Orgástico sol
no meu corpo.
Estou nú
É excitante
Estou sozinho
Oh Deus
Masturbação


VIDEO-GAME

A morte na besta,
o sol no deserto.
Video-Game fatal -
pássaros metálicos no sol sobre o golfo, reluzem,
o golfo do óleo.
Máscaras de gás,
cirenes de alarme,
estrondo e terror,
gemidos no golfo,
no golfo do sangue,
do sangue do óleo
e o sol do deserto,
apocalipse no céu
do golfo do óleo,
o golfo vermelho,
e o óleo é negro
e o Papa reza pela paz
em sua capela particular,
enquanto o golfo explode.
Dólar no golfo.




MATANÇA

Matança, matança, matança.
Não é nos saloons do velho e incivilizado oeste americano,
nem na Londres de Jack o estripador,
nem só em animais nas florestas da África e do Brasil.
É em seres humanos,
aqui, ali, em toda parte,
por todos os motivos, por motivos banais: a violência.
Eu te mato
Tu me matas
Ele a mata
Nos nos matamos
Vós vos matais
Eles se matam.
A inveja, a competição, o ódio cultivado,
a calúnia, a difamação, a omissão,
o preconceito racial, social, sexual, religioso
o estúpido de sangue quente,
as traições de salão, as traições de estado,
a violência do sucesso, a violência contra o sucesso,
a violência contra o fracasso.

E a miséria, a fome, o analfabetismo, a humilhação
que violentamente a sociedade deixou crescer.

Eu vos deixo a paz eu voz dou a minha paz.





POEMA EM DOIS TEMPOS

Ânsia de profundezas e angústias
em meio ao esgoto das cidades
que corre em corações abertos
apodrecendo vias e corpos
em rotas de medo e sangue
homens decrépitos, mulheres curvadas.

Deixar que venham os regatos claros
das vertentes das montanhas
banhar a dor,
banhar a poesia
de poesia,
cristais luminosos
refrescando o verão
junto com o vento
que nos segreda versos
entre as folhas do jacarandá.


CHUVAS TROPICAIS

Calor
Sufoco
Dedos que apertam a garganta
Sufoco
e esse calor que invade
e a aguardente que queima
e esse Brasil,
esse Brasil,
que muda, não muda
que muda, não muda
esse Brasil
esse Brasil
esse calor
e a aguardente que queima
o povo.
Problemático e maravilhoso país,
de governos calhordas, de governos calhordas e
CHUVAS TROPICAIS



AO RIO COM AMOR

Saúdo-te
mui leal e heróica
cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Apesar de tudo
continuas linda.
Todo o sofrimento
não foi capaz de tirar tua beleza,
tua alegria,
tua maneira de viver contagiante,
a beleza de tua gente
e o fato de seres cidade
das mais fascinantes do mundo.
A velha Lapa já não é a mesma,
nem poderia,
mas continua lá, com seus arcos,
seus mistérios, sua história e declínio,
mas continua.
Desde o fim do período escravocrata
as favelas cresceram
e há balas perdidas inquietantes,
mas o samba continua com brilho e garra.
Teu sol alucinante, já mais ameno
ao se pôr sobre o morro dos Dois irmãos,
anunciando tua noite estrelar,
sedutora, fervilhante.
O velho centro com seus prédios históricos,
Municipal, Biblioteca, Rua da Carioca,
Rio Branco, Praça XV, Teatros, Colombo.
Alguns bairros ainda conservam
certo ar de interior
e são queridos
A orla fantástica
com a "Copacabana louca, completamente louca",
e zonas que de repente se transformam
em praças de guerra, infernais.
Os que te amam buscam novas soluções,
mais justiça
e tudo mexe com o coração.
Esse mar embriagador, brilhante
que te ajuda a viver,
corpos e pés ao som do samba,
continuas fascinando o mundo,
ó velha capital,
a mais brasileira de todas.
E há o amor
esse mesmo amor
que sempre te cobriu de poesia.
Saúdo-te Rio
Rio, sempre Rio.



NEW YORK

Contam coisas e mais coisas de ti,
New York City, The Big Apple, a grande maçã,
como os americanos a chamam,
a Roma do mundo atual,
a cidade que nunca dorme.
Italianos, chineses, árabes, japoneses,
porto-riquenhos, judeus, brasileiros, europeus,
atrás de dólares, dólares, verdes dólares.
Um pedaço de pizza na esquina ou um restaurante chinês,
um peixe cru num japonês, um filet au poivre num francês,
uma tortilha num mexicano ou um prato vietnamês.
E hamburguers, hamburguers, hamburguers,
com batata frita e catchup
e a gloriosa coca-cola,
enquanto o super-man sobrevoa a ponte do Brooklin
e a estátua da Liberdade paira soberana sobre o porto
e os lábios eternos de Marilyn Monroe sopram um beijo sobre o planeta
e o jazz explode na noite.
Times Square, Wall Street, 5a Avenida,
o Village, o metrô, e os guetos pobres como o famoso Harlem,
cenário de West Side Story o musical da Broadway.
Broadway dos mil teatros,
os muitos, grandes e seguidos cartazes luminosos,
criando uma atmosfera feérica de cor, de sonho, de magia.
Browady, produções, milhões, efeitos especiais, perigosas ilusões,
e as estrelas, e as estrelas, as estrelas
e o mundo defronte.
És apocalíptica New York,
mas o SHOW TEM DE CONTINUAR


FILTROS

Filtros, filtros,
prodigiosos filtros,
eternas beberagens das paixões,
iniciática.
Dá-me da tua magia
para enfeitiçar as moças
que circulam em derredor,
e a sedução ganha poder,
mulheres estonteantes,
mais brilho no corpo,
nos cabelos, no olhar.

Filtros, filtros da idade média,
ensinai-me todos os segredos,
filtros de todos os tempos,
todas as ervas e o poder de cada uma delas,
sentir-lhes a volúpia,
realizar prodígios simples e complicados,
no esforço-êxtase
da fusão alquímica universal


TUTU COM FANTASMAS

O tutu à mineira clássico
vem com um pouco de molho de tomate,
algumas fatias de cebola, algumas, e pedaços de ovo cozido,
tudo por cima na panela de pedra
naquela espécie de pasta de feijão batido
que é o tutu.
Vem também acompanhado de fantasmas,
de Minas, naturalmente.
Alguns de barbicha ou cavanhaque
com os ventos que enfunaram caravelas portuguesas
e a mão da negra, é claro.
Após, vem fumegante o arroz branco.
É quando repicam os sinos de uma igreja de Ouro Preto
anunciando o lombo de porco assado.
E quando vem a couve mineira refogadinha com alho,
vê-se D.Olímpia caminhando
do outro lado da calçada com seu bastão.
Ouvem-se então sons de tropéis,
é o alferes com a tropa em louca disparada.
É hora da gloriosa cachaça com torresmo.
E da lingüiça já nem vos falo, caro leitor,
vem bem sequinha
e estranhos suspiros e ais se ouvem
é Gonzaga lembrando Marília.
Mas não se impressionem.
Degustem -
Depois vem a sobremesa.


VENDO ESTRELAS COM UMA ESTRELA

Ver estrelas contigo
finalmente me trouxe mais paz.
Algumas poucas no início,
estrelas difíceis entre nuvens no azul da Prussia.
Mas foi aparecendo a Láctea
e todo o universo estrelou
no óleo do findante poente.
Não contamos estrelas ,
falamos um pouco de nós,
do ofício da arte
da viagem que passa,
do que pode vir no pincel.
Depois lembrei-me de depressões,
de desesperos,
criativos nem sempre,
mas que o trabalho exorcisa.
Criação.
Vendo estrelas com uma estrela.


A Pena


a correr
a escrever escorreita
escre ver
escor regar
ver ter
te ver
escre vendo


IN VINO VERITAS

Tocava um belo Rock and Roll
e minha amiga ria
embalada pelo vinho,
ria, levantando a cabeça
mostrando o belo pescoço
e afiando os meus caninos.
Ria agitando a cabeleira,
realçando o azul da jugular
e o vermelho do baton,
enquanto os seios baloiçavam
levemente sob a malha fina sem soutien,
mostrando o seu desenho.
Tocava um belo Rock and Roll
e eu e minha amiga ríamos
embalados pelo vinho e pela música
envolvidos em vibrações in (comuns).
Havia alguém perto,
mas nem ligamos,
sorvíamos o vinho
e já era nossa alma
que sorria.



ARACNÍDEA VULVA

Aracnídea vulva
que atrais, seduz e prendes
com teus pêlos delirantes e lascivos,
ralos ao início do púbis,
selva profunda mais abaixo,
púberes aos treze
e em qualquer idade com seus mistérios.

Venerada e vulnerável vulva,
de pêlos,
no Brasil na sua maioria morenos,
mas há os louros mais escuros que os cabelos
e ruivos surpreendentes
e castanhos freqüentes
e a palha de aço tezante
das creoulas fabulosas, indecorosas.
Aracnídea vulva,
teces tua teia
e corpos fremem por ti.


NA ALCOVA

Quando estivermos a sós na alcova,
corpos quentes, abrasados, nús,
quero comer teu amável ânus.
Despudoradamente meter-lhe a língua à dentro.

Poder dizer-te:
Vira amor, vira,
e tu ansiosa e fremente
porém naturalmente, virarás.

Quero poeticamente enrabar-te
ao som de violinos,
ou de um louco rock and roll
ou no total silêncio da noite
e mesmo ao sol do meio dia.

Ah meu amor,
pênis erectus,
lubrificado com saliva
e uma pitada de sadismo
no divino prazer
em gloriosa penetração.

Nesta nádega que mais parece
esculpida por Miguelângelo
quero comer teu gentil cú,
comme il faut,
com todo sabor.

E tu gemerás,
tu grunhirás,
talvez gritemos,
orgasticamente gritaremos.
E lá
no quente e no gostoso
o gozo.


ELA

Lá vem ela,
deliciosa,
loura por dentro
e se quiseres no inverno
morena também.
Ela é muito importante,
senhora de muitos segredos,
pactos, conversas,
companheira de sempre.
Lá vem ela,
o gelo qual fina neve
a cobrir-lhe a borda.
Vem rápida que beleza
pela mão do garçon gentil
saciar a nossa sede.

Merecia uma poesia
essa nossa cerveja.

A ARANHA

Quando eu estava redigindo
em meu local de trabalho
á luz da lua que brilhava,
via no ângulo da janela com o telhado
duas teias que se superpunham .
Estavam tão entrelaçadas
que não se sabia
de qual aranha era uma ou outra.
Mas quando um pequeno inseto
caiu numa delas
e a teia enorme balançou,
então se viu á luz da lua
de qual aranha era a teia mais poderosa.
DA VINCI

Chuva prateada de estrelas
nos longos caminhos (cabelos) de Leonardo.
Mago Da VINCI
conhecedor de mistérios
mestre da luz
gênio diversificado
espírito privilegiado
que achaste a rota das estrelas
na infinita engrenagem cósmica,
tal qual meu pai Antônio desejou saber
e hoje sabe
na eternidade ao teu lado,
ó espírito privilegiado,
a humanidade procura
resolver seus enigmas
no enigmático sorriso
de tua Giocunda.

MIGUELÂNGELO

"Façamos o homem á nossa imagem e semelhança"
Disse Deus.
Para que Miguelângelo o pinte e esculpa,
disseram os anjos do céu.
E o dedo de Deus estava na sua mão.

VELHAS TRAÇAS

Que venham velhas traças,
velhas traças, devorar os meus papéis.
Invisíveis traças,
atravessando páginas,
brochuras, bíblias,
em minúsculos buraquinhos
em bibliotecas da Babilônia, de Pequim,
de Bizâncio, Nova York e Furquim.

Invisíveis traças
no caos das letras
do latim ao grego,
do armênio ao português.

Traças shaskesparianas,
traças aristotélicas,
traças dantescas, balzaquianas,
traças drummondianas.

Filosóficas traças,
sábias traças,
respeitáveis de tantas letras,
empanturradas de tanto saber,
proustianas
a lembrar que o tempo existe.

SOLIDÃO

Querida solidão,
luas minguantes, luas cheias,
caminhos, caminhos.
Solidão companheira
e amarga,
de amigos, família,
amor.
Solidão literária,
necessária,
condição humana.
Solidão de noites dilaceradas,
cósmica solidão
das grandes noites, estrelas,
quando tudo é claro.
Esotérico estar só. Saber?
Onde vou? Que fazer?
Quem está vindo? Quem virá?
Onde? Quando?
Agora?

MORTE

Morte dizem que és fria
com teus muitos véus
e sem hora certa para chegar
vinda das névoas e da sombra tenebrosa,
ou que trabalhas aos poucos,
compassadamente, metodicamente,
sem pena, até o desfecho final.
Bates na porta com seu sorriso cínico?
Ou vens à cavalo como no Apocalipse?
Ou sorrateira te instalas,
ou vens disfarçada de algum estrangeiro
ou de armadilha de aparência agradável.
Alguém te enviou?
Alguém te comanda?
Podemos vencer-te?
Quando ruge o vento na noite,
e nuvens cobrem o luar
e barulhos não identificáveis se ouvem,
a não ser o pio da coruja
e ao trovão o cabelo das crianças se arrepia,
estás no éter, estás junto a nós?
Podemos vencer-te?


EXISTIR

Existir,
continuar existindo,
convivendo com a dor do mundo
e a nossa própria dor.
E não há outra solução:
continuar, existir,
sentir no peito a emoção de estar vivo,
caminhando no frio do poente,
olhando as crianças que brincam
e sorriem inocentes.
O homem também é figura amorosa,
capaz de ternura,
de grandes gestos,
apesar de fazer a guerra
e deixar que a fome cresça.
Cria, faz arte, se emociona,
o que o coloca além da mera estupidez
e da ignorância pretenciosa.
Faz versos, pinta, compõe e toca,
faz filmes, inventa, planta.
Das cavernas avança tecnológica e cientificamente
e não só destroe mas ama a natureza.

Continuar existindo,
no poente, em outros poentes,
o céu vermelho e a escuridão que vem,
avançando sobre o mistério do mundo,
enquanto passo por senhoras
que vendem doces caseiros e canjica
por entre bandeirinhas nas barraquinhas juninas,
em benefício das obras sociais do bairro.






NOTURNO
Um soneto louco

Nunca mais palavra
sofrerei de amor antigo
longa data

Não sou janota
Nem no cemitério antigo
Hoje aqui mesmo nesta data

Sorrirei de amor cantigas velhas,
Tagarelices de monstros ao luar,
Já no abismo da noite, que quimera.

Poderei sem cessar
Repetir se quiser velhas canções
Estações, Pânico, Revoluções.
Não direi nada tenho a declarar
Brilhos-Transformações

HOMENAGEM A ALPHONSUS

Lua de Mariana
Lua alphonsiana
a encher de luar
cemitérios escuros
na solidão das noites,
na fantasmagoria barroca
"sem mulheres de carnes brancas e frias",
no sino de repente badalado,
desse Brasil primitivo
e ao mesmo tempo sofisticado,
caminhando por essas pedras geladas,
mandando embora essa angústia antiga,
esse ceticismo, contra minha vontade,
contra a esperança,
como que uma força misteriosa, antagônica, estranha,
ameaças de desespero controladas
e essas pedras geladas
e a noite e a noite e a febre
e essas pedras geladas,
Pobre Paulo, Pobre Paulo






MARIANA

Em Mariana tem
umas casas tão lindas
e há de repente mágica praça
que tem um coreto secreto,
embora no centro da praça se erga.
São segredos de coisas, segredos do tempo.
Batem os sinos, eu suspiro,
além dos sinos Mariana,
quero os seios.
Janelas,
madeiras,
cores,
varandas com ferros e flores,
velhas pedras.
São muitas as pedras
de Mariana da catedral,
de Mariana a eclesiástica,
a doce Mariana,
feminina para Ouro Preto.
Mariana de sonhos, de bruma,
Mariana de Alfhonsus,
gostosa Mariana.
Mariana primeira manhã,
Mariana capital inicial,
mineira Mariana,
a órgão na catedral,
Mariana universal.

POEMA PARA UMA MULHER QUE NÃO EXISTE

Foges na noite
com teus olhos baços,
tua tez pálida,
tuas mãos geladas.
Fantasma esvoaçante, trêmula, frágil,
um riso de medo frio dessa madrugada,
na névoa de olhares,
tão pungentes.
És como a morte que quer vir,
és como a morte inevitável
que quer viver
e não pode morrer.





ÚLTIMO POEMA

Estou morto.
Mais morto
que todos os mortos do mundo.
Mais morto que a mina de Morro Velho,
mais morto que um Lima qualquer.
Dentes encravados na caveira
e mandíbula encaixada
é o que talvez reste.
Mais morto que Augusto dos Anjos
que pelo menos é "uma sombra
que vem de outras eras".
Da tumba não voltarei,
ao contrário de Drácula.
Mais morto que trabalhador de Getúlio,
mais morto que os índios do Brasil,
que muitos sobrevivem.
Morto, definitivamente morto.
Mais morto
que a moral burguesa,
mais morto que o PT
e pasmem, mais ainda que o PC do B.
Não agonizarei como o PSDB,
já passei desta.
Mais morto que Dona Olímpia
que é tema de samba-enredo.
Mais que médicos e hospitais nacionais,
incluindo o estado federado, falido, fedorento.
E se isso é pouco, mais que o
último cachaceiro do mais sórdido botequim.
Mais morto que a Rede Ferroviária Federal
e a esperança dos mendigos
que sempre faturam algum.
Mais que a Rede Tupi de Televisão,
o Cassino da Urca e os meninos da Candelária.
Mais que o primeiro computador,
mais que os Matarazzo,
mais, infinitamente mais
que a decadência de Ouro Preto,
a instituição familiar e o sacramento da confissão.
Mais que o Zé do Caixão
que anda pela avenida São João.
Mais que Baile de Debutantes e de Glamour Girl.
Nem as leis de mercado do Roberto Campos
podem me salvar.
Mais morto que o Mar Morto
Mais que a velha república,
mais morto que Tancredo.
"Esqueçam tudo que eu escrevi".
Joguem minhas cinzas
em qualquer rio ou ribeirão
podre e poluído deste país
ou no mar próximo a Cubatão.
Morto, absolutamente morto.



DEUS

Se somos criados
à imagem e semelhança de Deus
e se Deus tem amor pelos homens,
sente ciúmes também.

E tantas estrelas no céu.


Maçã


Lápis e papel
forma que se apresenta,
música, cor ,letra,
maçã a ser colhida,
Poesia


Beata

Era tão pequena a beata
ou se desintegrou
ou alçou vôo,
coitada


Torneiras

Todas as torneiras de minha casa
estão estragadas,
exceto uma
que já não estava funcionando




Tropecei

Tropecei num poema de amor
Fui eu ou a musa que falhou.

HAPPY HOUR

Anoitece nessa mítica cidade.
As cores da noite transfiguram Ouro Preto.
É hora de tomar um chopp gelado
ali no velho bar do Toffolo Hotel
e aguardar que Marília chegue.

TREM

Essa que se insinua
é quem?
É a poeta manjuba
que louca vem te dar o trem

Um Para o Outro


Dois nobres caminham juntos na história:
um é o Marquês de Sade
e o outro o Barão Von Sach-Masoch.
Parece que pessoalmente nunca se encontraram
mas com certeza feitos um para o outro:
Sado-Masoquismo



Brasileiro ?

Se Deus é brasileiro
será que o diabo era americano-russo?


Os Cães e os Postes

Passo pelo odor fétido dos açougues
empestiando o ar da tarde de sábado.
O céu cinza-chumbo anuncia tempestade.
Observo os postes manchados pelo mijo dos cães
e nos bares os homens bebem cerveja
e apesar da falta de esgotos no país,
como os cães, também mijarão
e dirão bobagens ao fim da tarde.


Poe

Sempre que no breu da noite
atravesso misteriosa ponte,
onde a temperatura é sempre mais fria,
me arrepio todo, pois sinto que não estou só
e ao sentir tal sensação imagino quem vem do outro lado.
E com Edgar Allan Poe atravesso tal ponte


CIDADE do INTERIOR

Há uma calma bovina na cidade,
marasmo do meio dia,
panacéia do fim da tarde.
Homens ruminam, só.



Erundina

A burguesia nos ofende,
a burguesia nos condena,
a burguesia quer chá,
nós transformação já.
Mas me disse Luiza Erundina
ao elogiar seu discreto perfume:
- É a burguesia tem bom gosto.




Meu tio Lulu
com todo carinho

Será que Tio Lulu estava certo
quando em seu leito de morte
sua venerável esposa lhe disse:
"Luís, a família está toda aqui reunida,
o médico também".
E ele já com o pé da cova respondeu:
Família fé da puta, médico ladrão"



NESSA CALMA INFERNAL

Nessa calma infernal
dos dias comuns de Ouro Preto
a poesia virá, doce, tranqüila,
explosiva nas horas certas,
nas horas que perco
com desejo de compor.

Como "sair dessas profundezas"?
Com humor,
amargo que não te envenene.
Graça,
acima do sarcasmo.
Que não te afogue,
beleza
de horror desfeito.
Riso
do rir-se de você.

Do abismo venho
ao abismo volto
Mortal seria não voltar,
mortal seria ficar sempre lá.
Todos os bebês sabem nadar.

Nessa calma infernal de Ouro Preto
dos dias comuns, a poesia virá.


VILARICACHAÇA

Ladeira abaixo
Ladeira acima,
cachaça, fogo,
trovão
Ouro Preto é isso aí.
Ladeira, abaixo
Ladeira acima,
a estudantada encervejada,
o mulherio,
Ladeira abaixo ladeira acima,
igreja pra todo lado,
mel cachaça, limão,
arnica, carqueja, canela,
feijão tropeiro
trovão,
tempestade, chuva fina, neblina,
ladeira abaixo ladeira acima,
Liberdade, confusão,
beata e procissão,
cachaça, fogo,
trovão,
a cidade - o abismo
Drummond - as nuvens -
Ladeira abaixo ladeira acima,
cachaça, fogo
trovão
Ouro Preto é isso aí.



JUNTO AO ABISMO EM VERTIGEM FORMIDÁVEL

Ao lado da igreja
alto à direita,
de Santa Ifigênia dos Negros,
imensa, cheia,
gira-avança,
lentamente, à vista
é possível perceber,
a lua sobre Ouro Preto
em nascer clássico, postal.

Junto ao abismo
em vertigem formidável
abro os braços,
respiro
e saúdo a paisagem.



PRA AJUDAR NA FOLIA

Em Ouro Preto
o pecado é dourado
os anjos têm sexo
bum-bum cor de rosa
nús nos altares

É rubro, é rubro barroco
o sexo
é vermelho
bum-bum cor de rosa
o pecado dourado
no altar de Ouro Preto

O negro é negro
o branco mulato
o mulato branco
o pecado dourado

Beijos sem fim
beijos carmim
oh querubins
acordes - clarins
O pecado é dourado
na velha capital de Minas
de bum-bum cor de rosa
do anjinho barroco
e é de todas as cores,
inclusive o azul
o infernal carnaval.



POEMA EM AZUL

Não mais a tristeza,
não mais essa lua perdida.
A lua e o brilho da estrela,
por que não?
Com manhãs radiosas
de azul cor da glória
e a espuma branca do mar
nesse gozo eterno
qual esperma fecundo
e novamente a estrela
e o azul da tarde
e o lusco-fusco transição
e a magia da pedra
e o mel da vida
nessa gigantesca noite,
azul cor da glória,
Manhã



POEMA EM VERDE

Verde de Lorca
Verde montanha
Eco-verde.
Mistura de azul e amarelo.
Aves pousam nos ramos
da ainda Mata-Atlântica
e a Amazônia
polemiza o planeta.
Green-Peace
Fundo do mar, algas e plantas,
grotões de frescor, água e ar puro,
ervas, alface e agrião,
verde abacate, verde limão.


POEMA EM AMARELO

Da cor do ouro, da gema, do cobre,
do topázio, do enxofre.
Ó sois-trigais,
corvos no amarelo vangoguiano
em pinceladas rápidas.
Cor oposta à treva,
iluminação e por isso mesmo desespero
que cegou Saulo na estrada de Damasco,
e com o branco vaticana cor.
Cor de cabelos-raios de sol,
radiação eletromagnética.


POEMA EM ROXO

Pesa o roxo,
dos quais muitos têm medo;
morte e apaziguamento.
Ousados são os que te usam em vida,
seja nas roupas, nos ateliers, em objetos.
Roxo sinal em paramentos eclesiásticos,
púrpura cardinalícia, fita de caixão.
Cor tabu a alguns
-Roxo, Deus me livre!
Para outros infinito, suave e forte em seus vários matizes,
de leve colorindo o poente ainda claro.
De gustibus et coloribus non esd disputandum!



POEMA EM PRETO E VERMELHO

Black, Noir, Nero,
Red, Rouge, Russo.
A treva e o grito.
Black mistério,
vermelho energia.
O negro veludo
e a escarlate seda.
Sombras, vultos,
o outro lado,
profundo, profundo.
Bandeira Anarquista,
Bandeira Socialista,
majestade das trevas,
fascínio do inferno,
Magia, terror,
sabedoria.
Nosso sol negro contra um céu vermelho.




ROSA

Rosa que és Guimarães
que não és outro senão tu.
Rosa impressa em lombos de mulas,
em velhos arreios,
barrigueiras, estribos e couros diversos,
observados por lunetas poderosas,
perspicazes, obscecadas,
com botas diferentes
das dos homens que o cercam.
São homens de chapéus diversos,
de canivete, fumo de rôlo, palha,
cachaça, facão,
sandália de couro e espora,
perneira, pés descalços, bota galomeira.
Ao final do dia,
ao pé do fogo na chapada
onde se faz o rango,
entre uma cachaçinha e outra,
sob a lua, inundado de planeta,
Guimarães faz anotações
e sonha.




MINHA PRIMA CRISTIANA

Minha prima Cristiana,
cresceu tanto, cresceu tanto,
Ah como cresceu -
que quase chegou no céu.
Ela diz já estar nas nuvens,
no vento, no espaço.
E ao final da tarde
no céu ainda azul
com os vários matizes
que anunciam a noite,
surge a primeira estrela
com seu brilho nítido.
E logo surgem constelações
que cercam Cristiana
e uma guirlanda de estrelas
mistura-se aos seus cabelos
e Cristiana brilha nos céus.




Pra que
Pra que existe o choro
se não pra ser chorado

Pra que existe a vida
se não pra ser vivida

Pra que existe o riso
se não pra gargalhar

Pra que existe o perdão
se não pra perdoar

Pra que existe o sonho
se não pra ser vivido

Pra que existe a mulher
se não pra se amar

Pra que existe a dor
pra que, pra que, pra que

Pra que existe Vinícius
se não pra abençoar



O OLHAR DE PRISCILA

Após a noite de amor
enfeitiçado por aquele olhar,
ponto crucial
que não sabia desvendar,
subindo em desespero,
despencando de amor,
André na madrugada,
ainda um pouco sofrido adolescente,
pensa até na morte
em incerteza cruel -
Aqueles olhos...
Deixa eu sonhar...
Qual a melhor parte do sonho?
É sonhar teu corpo...
qual a melhor parte do teu corpo?
O amor cega,
fere,
machuca,
sangra,
despedaça.
Sonho,
pesadelo,
despenhadeiro.
Possa a voz, palavra,
truncada ou acelerada,
acelerando o coração.
E teus olhos... Enigma
oh silêncio!
A melhor parte do sonho
é aquela que a gente vai viver.


Atuando

ATO TEATO
ATOR ATUAR
ATUAÇÃO AÇÃO
ATUANDO ANDO ACENANDO
A CENA TRANSFORMANDO
MUNDOANDO





Celso Martinez
Zé Araraquara Corrêa
Zé cometa
Zé de Andrade Oswald
Zé Borghi
Zé Stanislavisk Kusnet
Zé Jaceguay 520
Zé bigorna
Zé Zuria
Zé Nandi de Andrade Heloísa
Zé pequeno-burguês
j.c.-j. cristo
Zé Peixoto Fernando Brecht
Zé Tessy
Zé Suzi
Zé Alice Vergueiro
Zé Roda
Viva Zé
25 zoom zé
Zé Samuca
Zé Luca Bagdá
Zé Henricão
Zé côro
Zé Malina-Beck
Zé Portugal
Zé Galileo
Zé Brasil
Zé Eu
Zé Brecha
Zé Marcelo
Zé Tupi, be be to be pi pi
ZEEEEEEEEEEEEEEE- ZEN

Com muito amor,
carinho, fé
o
Paulo Augusto




MAMBERTIS

No início era Sérgio,
a cidade de Santos, Cláudio, o Nôno.
E Sérgio paraiva Bela Vista,
Bexiga, Paulicéia.
Ele e o teatro.
Num passe de mágica
surge Vivien
E vieram
Duda
Carlinhos
Fabrício.
Ao tempo do Living Theatre
sempre em casa de Serginho,
surgem Tigres da Noite,
Mitota,
Petraglia,
Clóvis,
Última Peça pra sempre a próxima.
Vivien torna-se Heart Smile.
E ali na Bela Vista
Ruth Escobar ao lado
sobre o Bexiga e São Paulo
a Casa tem uma ponte
tem uma ponte a Casa
a Casa tem uma ponte
e hoje tem um neto

Ali a opressão não vinga,
ali a liberdade floresce,
ali é uma casa Mamberti.



FOGO

Fogo, fogo
aqui, ali
em todo lugar.
Estou sentado na fogueira,
estou fumando
e é bom.
Eu, hoje.




REVOLUÇÕES

Vamos fazer revoluções
e a poesia vai ser importante.
Vamos fazer revoluções
e a poesia vai ajudar.
Verso e luz na reunião
Vamos fazer revoluções
verso era e é forma de lutar.
com a ajuda do Ferreira Gullar
Vamos fazer revoluções
e a poesia vai ser importante.
Vamos fazer revoluções
e a poesia vai valer,
o Tiago de Melo vai crer.
Vamos fazer revoluções
o verso e a emoção popular.
Vamos fazer revoluções
com lirismo revolucionário.
Vamos fazer revoluções
e a poesia vai ser importante.
Vamos fazer revoluções
com o verbo a caminhar.










LIVING

Tudo está feito,
nova etapa,
novas chaves.

Mas a evolução continua,
através dos dias,
através dos anos,
através dos séculos,
através dos milênios,
através das revoluções por minuto,
através das revoluções por segundo,
decifrando, mistérios,
entendendo aparências,
mudando impossibilidades,
conhecendo a morte,
VIVENDO


Tremelicando


As carnes balançando
ela passou.
Seios, bunda
tudo tremelicava
e vai com a certeza
de quem se sabe observada.
A bunda gelatina firme
fazia aqueles movimentos
de um lado para o outro
e de encontro ao meio.
Um dos seios o apalpou,
as coxas esculturalmente à mostra
"naquela" mini-saia,
numa super mini-saia
e ainda por cima de óculos escuros
Será burra?
Tremelicar é preciso
Viver não é preciso.


Realizando Fantasias

Nédia nádega branca,
rêgo de pelos marrons
que acariciava com a língua
com intenções eróticas e lubrificantes

Ela ofegante de joelhos
com os braços apoiados na cama,
a nádega mais levantada
antes do momento fatal.
A mão no clitóris
em consonância com a zona erógena do ânus.

Não fazia grandes ruídos,
estava se iniciando,
ou por questão de temperamento.
Mas num determinado momento dizia:
Vou gozar.

Eu em consonância cósmica dizia:
Eu também, eu também.

Às vezes íamos à sala de jantar
onde o banquete
era ela deitada sobre a mesa
para penetração frontal ou não

Uma vez eu ia indo embora já tarde
e ela abriu bruscamente meu cinto e minha barguilha
me obrigando a ficar.

Muitas vezes ficava nua em pêlo
dentro do automóvel estacionado na madrugada.
Realizar fantasias





Felatio
Árduo Poema em Prosa


Cupido

E disparou do arco uma flecha
com tal ímpeto
como se quisesse trespassar mil corações
Shakespere
Estávamos em pé, nus
Ela foi descendo
e começou a sugá-lo com tal ânimo
que cravou-me os dentes na cabeça
de tal maneira
que soltei um aaaaaaaaahhhhhhhh
meio surpreso, meio assustado
achando que ela fosse arrancá-la.
Ela continuou a chupá-lo com tal voracidade,
engolindo-o até a garganta,
no meio da boca,
e lambendo e sugando a carnosa e vermelha cabeça
e gemia e grunhia com tal volúpia, estava possessa,
passava o membro pelos lábios,
pela boca toda,
levando até os seios,
apertando e esfregando
como pomba gira enlouquecida,
e novamente levando-o à boca suspirando e gemendo,
fazendo com a mão
o gesto de ir e vir
e novamente os lábios, os seios
em frenéticos movimentos alucinantes,
Quando o orgasmo veio
e o líquido fluiu,
num gesto repentino e instintivo,
ela virou o rosto para o lado
e com a boca aberta
num som de, arrrrrrrrrrrrrrr
expeliu parte do líquido e ainda voltou
rapidamente para sugar o resto.

Depois atirou-se no leito,
em silêncio, talvez atônita consigo mesma.
Exorcismo através do sexo.
Puxa, que garota.
Nem no Living Theatre
Glória.





PASSAGEM

A casa,
o campo,
a água,
telas, tintas,
lápis, papel, cachaça, fumo do bão,
gengibre pra se mascar,
arroz integral com curry no fogão,
uma vela ritualisticamente acesa
e a noite densa de Minas avança
povoada de fantasmas.
Repica o sino da igrejinha de Passagem de Mariana
e os fantasmas da noite de Minas
gelam-me o sangue, arrepiam-me a pele.
Velhos fantasmas, conheço-os desde o berço,
fantasmas de barbicha ou cavanhaque,
engraçados fantasmas,
fantasmas com os ventos que enfunaram caravelas portuguesas,
fantasmas que chibatearam pretos
que batearam ouro à sombra do Itacolomi
e enriqueceram rapidamente
na vertigem do ouro
em que fostes nascida,
Minas Gerais.

Na noite, ao longe
apita o trem de Minas -
vem carregado de nostalgias,
carregado de paixão,
puxado por velha locomotiva diesel
dos tempos ditos modernos
e faz nos entrar pelas narinas
o cheiro das antigas estações
de óleo, de ferro, carvão,
cheiro antigo de passado,
RFFSA, Leopoldina, Rede Mineira, Central do Brasil,
apita ao longe, levando minério.

Seja às margens do São Francisco
ou do Rio das Velhas
ou nas cabeceiras da Mantiqueira,
tu és Minas Gerais
uma velha e decadente puta
com teu nariz de bruxa assustando o Brasil.
Hora te apresentas de moralista hipócrita,
esquecendo-se da liberdade,
hora de tradicionalista conservadora.

Poderá o mar do Espírito Santo te salvar?
Ou são em vão os uffanismos dos teus bacharéis de Direito?
Ó puta velha!
Já fostes inocente,
antes que abrisses tuas entranhas
para os primeiros homens que aqui chegaram
e o teu ouro os corrompeu -
Apelarás para a ativez do Itacolomi
enquanto Ouro Preto cai aos pedaços?
Ainda crês em teus políticos
com seus ternos cotidianos de suvaqueira fedorenta?

Ó camofa das tradições,
é hora de enfrentar o mundo -
Mas há a beleza de tuas montanhas:
Quando como disse Alphonsus
renascerás dos sonhos do passado
mais bela do que antes
para que teus espíritos fiquem em paz?
Ó Minas libertária!

E o trem de Minas apita na noite.
Noite, Noite,
Grande Noite




CAMINHO
El Camino se hace ao caminar

Já vivi nas cavernas,
já matei animais ferozes com as mãos,
já vivi nú pelas florestas,
já construi colunas de vários tipos
e também impérios que se passaram.
Eu sou o homem, eu faço a história, eu mudo.
Tenho amado de mil maneiras e da mesma forma temos nascido e
morrido trilhões de homens.
Já usei o cabelo de todos os modos: encaracolados, lisos,
amarrados, soltos, com coque, rabo e cacheados.
Eu faço a história, eu sou um homem, eu mudo.
Já usei túnicas egípcias, armaduras de bronze,
mil chapéus me cingiram a cabeça.
Sapatos de todos os tipos, botas de sete léguas, tamancos, sandálias
e também os pés nús usei, passo a passo, salto a salto no caminho.
Todas as cores me vestiram e trago no corpo a sorte
de cada uma delas.
Colares, anéis e balangandãs de todas as civilizações também
trago em meu corpo e o destino da mesma raça.
Eu faço a história, eu mudo
Tive que beber a cicuta na Grécia,
fui grande, ridículo e decadente em Roma.
Sofri o obscurantismo da inquisição, fui queimado vivo
quando tinha a história, a verdade nas mãos.
Singrei os mares nunca d'antes navegados povoados de monstros
e perigos e descobri novos mundos.
Tentaram me tirar o telescópio quando descobri a verdade sobre
o movimento das estrelas.
Eu quebro as correntes que sempre acorrentaram os meus pés,
as minhas mãos e o meu pensamento através da história.
A peste emocional e o medo quase me paralisaram
quando fiz grandes descobertas sobre a vida sexual do homem,
sua condição para a saúde do corpo e da mente.

Maravilhas tecnológicas nunca sonhadas nos fazem anteviver o futuro,
mas a luta ecológica se faz necessária e é terrível.

Do cavalo, à roda, ao carro de boi, à máquina, ao jato,
à nave espacial, ao computador,
nós homens e mulheres, fazemos a história.
Caminho, caminho, tudo novo.



ETAPA

Um passo muito importante.
Passagem.
E continuamos indo em frente,
na casa
no sonho
na arte
no coração da civilização,
dialeticamente.
Simples.
É isso aí.
Fizemos o impossível.



LINDA CAMINHADA

Fizemos o impossível,
de lado a lado,
de frente a frente,
cosmicamente.
Enfrentamos o estouro do absoluto
e complicadas teias.
Abrimos caixas perigosas,
criamos, estudamos, observamos.
Fizemos o impossível.
Estivemos presos,
sofremos,
tristes abandonos,
frustrações, repressões
momentos terríveis,
mas fé.
Daqui pra frente,
desses momentos históricos,
a vida é diferente.
Como é importante o silêncio,
dialeticamente como fala
e como é importante
a palavra
na hora certa.

Sem querer tudo desafiamos
e ousamos.
Derrota e vitória,
humilhação e glória.
Fizemos o impossível,
cosmicamente,
Ah liberdade



"VIAJAR AINDA É VIAJAR"

Caminhar na neblina rumo ao passado,
transfigurações de côres em Ouro Preto,
Anjos do Senhor, sinos,
na cidade abissal,

Caminhar na neblina rumo ao futuro,
ruas úmidas
e a pedra de cantaria resiste bravamente ao tempo.
Noite deliciosamente ouropretana
na luz difusa dos lampiões.

Caminhar na neblina rumo ao passado,
ver os anjos de Antônio Dias,
descer a escadinha rumo ao Pilar,
descobrir um segredo em cada esquina,
beber sabedoria nos chafarizes,
e uma cachaça com arnica no célebre bar do Raimundo
que ninguém é de ferro.

De várias partes
Vislumbrar o Itacolomi,
passar pelas repúblicas,
cruzar Marílias novas,
desvendar mistérios,
entre lendas, jardins nas encostas, pontes.

Caminhar na neblina rumo ao futuro
e saber que atravessaremos cachoeiras,
navegaremos rios perigosos,
travaremos embates nas grandes cidades,
defenderemos florestas,
iremos ao campo
e o frescor das matas nos acariciará a face.
Ínfimos e grandes momentos dessa eterna viagem.
Representaremos nossa peça
e o cenário é Ouro Preto.