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VOO 375 - CÓDIGO 7700








VOO 375
CODIGO 7700



Por Augusto Dutra





CONCURSO PREMIO DAS AMERICAS 1989 - CUBA


Literatura Brasileira



O vôo 375 é possibilidade.
Independe de aeronave.
É o teto... pode ser zinco ou laje.
O "seqüestro" de uma sociedade.

Esta obra é atemporal!
Um manifesto passeata de poetas
que invadiu a ante-sala de meu cérebro
impondo (a esta peça de teatro? roteiro de cinema?
histórias em poemas?) um ritmo marcante - a impersonalidade -
a co-fundir épocas, eventos e estilos.

Por quê? Para quê?
Perguntei-me com insistência.
Parei no conceito do tempo.
Co-partilhar pensamentos poéticos a fatos reais
levou-me á co-fusão temporal.

Neste século o desenvolvimento (cientifico e tecnológico) feito para alem dos dedos...
E o homem...parou no tempo?
Falta-nos, talvez, a visão do Poeta.
Será que a história se repete
ou os homens repetem a história
ao passarem pelo templo babilônico do tempo?
Confusão temporal.

"Cada individuo tem sua própria medida pessoal de tempo
que depende de onde se está e como se desloca."

(Uma breve história do tempo - STEPHEN HAWKING)
















A extraordinária semelhança dos mortos
reside
na dessemelhança dos vivos.
Aos que ficam, sobreviventes...
resiste
a dessemelhança dos mortos. (1)


O OPERÁRIO
CENA 1

Pensão Paulista.
Quer uma imagem do local?
Feche os olhos e imagine!
Cidade. Rodoviária. Pobreza. Sujeira.
Porteiro eternamente entediado.
Escadas gastas. Paredes sujas. Corredor escuro.
Portas fechadas. Nos poucos rostos que se cruzam, silêncio.
Olhares furtivos. Perigo no ar.
Quarto pequeno.
A cama e o armário, ordinários, dominam o espaço.

Entre comigo no quarto 27. Sem comentários.
Sentemos com cuidado no alto do armário.
Na cama, deitado, um homem bem brasileiro.
Nos traços do corpo, nas posses.
Não dorme. Matuta de olhos abertos.

"Salvo os amorosos principiantes ou findos que querem
principiar pelo fim há tantas coisas que findam pelo princípio
que o princípio principia a findar por estar no fim o fim disso é
que os amorosos e outros findarão por principiar a reprincipiar
por esse princípio que terá findo por não ser mais que o fim
retornando o que principiará por ser igual á eternidade que não
tem fim nem princípio e terá findo por ser também finalmente
igual a rotação da terra onde se findará por não distinguir mais
onde principia o fim de onde finda o princípio igual a todo
princípio final do infinito definido pelo indefinido. -
Igual um epitáfio um prefácio a vice-versa." (2)

O homem se mexe na cama.
Boceja.
Observe. Os olhos buscam no teto um ponto.
Projetam.
Ajeite teus olhos e veja-o !







"Matou-se de paixão ou morreu de preguiça,
Se vive, é só de vício; e deixa apenas isso:
-Não ser a sua amante foi meu maior suplício.-

Não nasceu por nenhum lado
E foi criado como mudo,
Tornou-se um arlequim-guisado,
Mistura adúltera de tudo.

Tinha um não-sei-que, - sem saber onde;
Ouro, - sem trocado para o bonde;
Nervos, - sem nervo; vigor sem "garra";
Alma, - faltava uma guitarra;
Amor, - mas sem bastante fome.
- Muitos nomes para ter um nome. -

Idealista, - sem idéia. Rima
Rica, - sem matéria-prima:
De volta, - sem nunca ter ido;
Se achando sempre perdido.

Poeta, apesar do verso;
Artista sem arte, - ao inverso;
Filósofo - vide verso.

Um sério cômico, - sem sal.
Ator: não soube seu papel;
Pintor: do ré-mi-fá-sol;
E músico: usava o pincel.

Uma cabeça! - sim, de vento;
Muito louco para ter tento;
Seu mal foi singular de "mais".
- seus pés quebrados, pés demais.

Avis rara - mas de rapina;
Macho... com manha feminina;
Capaz de tudo, - bom pra nada;
Com certeza, - por certo errada.

Pródigo como o filho errante
Do Testamento, - herança vacante.
Rebelde, - e com receio do lugar
Comum não sabia do lugar.

Colorista sem cavalete;
Incompreendido... - abriu o peito:
Chorou, cantou em falsete;
- E foi um defeito perfeito.



Não foi "alguém", nem foi ninguém.
Seu natural era o ar bem
Posto, em pose para a posteridade;
Cínico, na maior ingenuidade;
Impostor, sem cobrar imposto.
- seu gosto estava no desgosto.

Ninguém foi mais igual, mais gêmeo
Irmão siamês de si mesmo.
Viu-se a si próprio ao microscópio:
Micróbio de seu próprio ópio.
Viajante de rotas perdidas,
S O S sem salva-vida...

Muito cheio de si para aturar-se,
Cabeça "alta", espírito ativo,
Findou-se, sem saber findar-se,
Ou vivo-morto ou morto-vivo.

Aqui jaz, coração sem cor, desacordado,
Um bem logrado malogrado." (3)

Corrigindo a vista cansada ou turva tanta coisa se vislumbra no teto e na parede... em cima de um armário.

O homem se mexe na cama,
olha o relógio.

"Rei e olho
badalando
pêndulos
que doem

Na parede-caliça:
em placidez semimovente
detonando pássaros
desesperos
florações
e adeus - pra - sempre.

No pulso:
bomba premente
conferindo o galopar do sangue
nas cabeceiras da morte.

Na torre
olhando altíssimo e redondo
- feitor de ferro dos infernos. (4)




Levanta-se. Pega a toalha. Abre a porta.
Vamos!

No fim do corredor outra porta: W.C.

"Es o fim
da casa
do homem
do poema

o derradeiro objeto
do objeto derradeiro.

Assentado
ao canto curvo
branco
do cômodo

Aguardas
incômodo
intestino

Recebes
mudo desnudo
o verbo integral
(boca aquática
escancarada)

Humilhado
mais que humilhante
és divisor geral
do bem do mal
botão ou corda
roam roam blog blog
blog roain
roamroam chááááiiimmm
linguagem
branca
again." (5)

Voltemos ao alto do armário!

O homem retorna.Veste-se sem pressa.
Arma-se e reza.
Sai.
Fecha a porta para sempre.
Passa por olhos que espirram titubeios e desce.
Caminha por avenidas ocupadas sem se importar.
Terminal Turístico.
Embarca.



O EMPRESARIO
CENA 2

"Corpo, casa, edifício
se assemelham como irmãos
na altura, forma e medo
e em serem só objetos.

Vejo um prédio
luzi-luzindo enorme
e tremo em meus
pilares e virtudes.

Lá, o que perverte o homem:
cama e mesa,
pão e mulher,
amor e teto
que nos mantém
- superpostos.

Lá, o cadastro e o pijama.


a dívida e o modelo.



a máquina e a mecha
de cabelo ao chão.



o corpo nu
se é consultório.

A lã, a bala, a ironia,
a janela, o cimento, a traição,
a mulher x, o raio do outro
e os meios de ascensão
e os meios de cair
em si, na terra
- e sobre o irmão.


- o prédio:
engenho agreste
cubo de solidão." (6)




venha comigo... assim bem liso... faço-te espelho!

"Toda manhã a barba
cresce sobre a face
da terra e do homem
pedindo orvalho
- e a navalha.
Presto, acordo a lâmina
e deslizo um óleo santo
sobre o imolado rosto da manhã.

Do chuveiro escorre a água
sobre as partes circundadas pela mão
alegre. Os poros se aliviam
descendo brancas bolhas perna abaixo.

E o banho: ritual aquático diário
daquele que purifica e matinal
desdobra as felpas da toalha
e sai ungido em veste pura.

Te vestirei com meu suor,
te banharei toda manhã,
te alimparei, te cuidarei
nas unhas e dentições.

Os teus pêlos polirei,
os teus fios cortarei
e como potro bravio
pelos pastos crescerei.(7)

Quieto! Escute a "canção"! Reflitas sobre o homem, que refletes.
Antes da queda!

"Quero que saibam o valor
Da canção, se boa da cor,
Que elaborei com meu calor:
Neste mister eu levo a flor,
Ninguém me bate,
Irei prova-lo assim que for
Dado o remate.

Conheço bem senso a loucura,
Conheço honra e desventura,
Já senti pavor e bravura;
Mas se propõem jogo de amor
Não fico atrás.
Escolho sempre o que é melhor
Do que me apraz.



Conheço bem quem me quer bem
E sei quem me quer mal também,
Quem ri de mim, quem me convém,
E se de mim se achega alguém
Sei muito mais:
Como saber prezar a quem
Prazer lhe faz.

Bem haja aquele de onde vim,
Pois que soube fazer de mim
Alguém tão bom para esse fim;
Que eu sei jogar sobre coxim
De qualquer lado
Não há ninguém que o faça assim,
Por mais dotado .

Bendigo a Deus e a São Julião
Por tão bem cumprir a missão
E jogar com tão boa mão.
Se alguém precisa de lição,
Que venha logo:
As que vierem voltarão
Sabendo o jogo.

Chama-me "o mestre sem defeito":
Toda mulher com quem me deito
Quer amanhã rever meu leito;
Neste mister sou tão perfeito,
Tenho tal arte,
Que tenho pão e pouso feito
Por toda parte.

E não me digam que isso é prosa.
Ainda outro dia tive a prova,
Jogando uma partida nova.
Sai-me bem no meu primeiro
Lance de dados;
Não vi os de nenhum parceiro
Tão bem jogados.

Mas ela disse, com desprezo:
" Os vossos dados não têm peso,
vos desafio a uma outra vez."
E eu: "Montpelier não vale o preço
Destes pedaços."
E ergui-lhe o avental xadrez
Com os dois braços.




Depois de erguer o tabuleiro,
Joguei os dados:
Dois foram cair colados,
E o terceiro

Feriu no meio o tabuleiro,
E estão lançados." (8)


O PROTESTO
CENA 3

Magia. Alquimia. Poesia.
Vale-transporte ao Palácio da Alvorada "relativa".
Percorro caminho alquimista-trilhado
transformador do mundo, que somos.
Fica apenas a certeza da vida que espera o momento certo
para nos levar, qualquer dia, perto.

Pegue ritmo depressa
Antes ora tua prece
Antes olhe tua face
Pois agora acordamos
o mal, que em ti não nasce.

Chegamos á rua. A mesma rua que você passa e aqui, agora, basta.
E as pessoas passavam... passavam em plena rua!

-Passeata de poetas no planalto do palácio.

(Mas o homem, solitário, ao medo, pelo meio da rampa... sobe.)

"Enquanto isso Minas perdia o nariz!
-Debates, manifestos apaixonados...
intermináaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaveis
que me importa a mim, mineiro
que não vê minério, perder o nariz!!!

Exportam-me
Expoem-me nua vergonhosa montanha
Perco vagão a vagão minha mineiridade.
Silentes mortos os morros não clamam.

Moro em Minas e nunca vi montanhas como minério.
Em mim estão vivas e de onde as vejo, nuas.
E neste Céu, sol, que á nuvem sombra montanhas, pedras e
Eu. Se desassombra a mim revela sombra sem raízes.

É preciso ser Mineiro, os pés na Terra e ver... Minas Gerada." (*)



Veja bem, não lhe pedi fechar os olhos!

"Sambaíba-de-minas-gerais
dispersa por campos
cerrados
queimados

Amplas flores ásperas como lixa
Flores e frutos pequeninos
Casca curte o couro
Folha madeira lixa

Madeira de carpinteiro de obras "internas"...

Sambaiba-do-rio-são-francisco
Caimbé
Lixeira
Cambarba
Craibeira
Marajoara ...

Sambaíba-de-minas-gerais
dispersa por campos
serradas
queimadas" (*)

"a coisa por aqui
não mudou nada

embora sejam outras
siglas no emblema

espada continua a ser espada
poema continua a ser poema" (9)

"O homem é o único que desaprende lições de rugas,
o único que tem arsenais de morte contra sua espécie,
o único que depreda, saqueia, estupra e morre em fuga,
o único que troca homem por máquinas, e se estarrece.

O homem é o seu absurdo, sua facção de pânico e medo,
sua própria falência universal, seu azar de berço,
mas é muito mais forte que o temor de um segredo,
muito mais insumo que só a fé que ara um terço.

E sua própria confusão, seu vender-se ou alugar-se,
sua cotação em baixa, baixo astral, supimpas fossas.
O homem é coisa danada que não vai vingar se
rejeitar por futuras inconhas de sua mão e roça.



O homem é o seu emprego, sua fome criminosa e cheque,
pretexto e conveniência, o homem é falsa previsão.
Ele somos o que, quando sonha faz jogar de beque
a catimbar o quanto pode pra não parar o coração."(10)

I
"Procuro a paisagem natural do meu país,
a que tem cheiro, movimento e cor,
sem verniz.

Queria conhecer o original a esperança,
ver fundo nas raízes e nas veias
sua herança.

Encontras nela uma gênese virtual,
seu espanto de montanha e mar,
seu tropical.

A paisagem só dos rastros,
das cavernas sem herói ou turista,
da informação pura sem lastro,
o "gigante"sem a reflexão dos istas.

II
Mas na Era da Arcádia Nool foi ufanista,
contava prosa sobre um país que não existia;
Rosseau escrevia cartas que Caminha animista predizia ao Rei o futuro de nossos dias.

Os viajantes vieram levar o país á Europa,
fiéis á cor local, cientistas, mas sem molho;
a paisagem que se quer é a que ria das opas,
a que engordava porcos e colonos com repolho.

Seria o "afrodisíaco paraíso de mulatas",
a depuração semiótica de um habitat nativo?
(a paisagem há de ter música nas cascatas,
não ter memória, manter-se do que é vivo).

Seria a "Canção do Exílio", a telúrica do banzo,
o naturalismo "de carbono e amoníaco" de Zola?
A valorização do "urbanoagreste", o realismo ranço, os matizes parnasianos das tietes das Escolas?

III
A paisagem do discurso
não seria a prosa de Rosa?
O sertão de Euclides
ao invés do pince-nez das lides?
O substantivo Drumomond
ao invés da caixa-de-bombom?
A linha reta do concreto
ao invés da curva do soneto?
O antropofágico-verdeamarel
ao invés de martelo e cinzel?
O carnaval de Macunaíma
ao invés de toda rima?
A "invenção de Orfeu"
ao invés do espelho meu?

"As imagens do Nordeste"
ao invés d'ura d'alceste?
Seria o "Motivo" de Cecília
ou "O País de Emilia"?
A Anta que reclamava justiça histórica
para os índios?
O Martim Cererê aborigene, bandeirante
café e brasilino?
A "escola das árvores", a "cocaína amazônica"
de "Cobra Norato"?
O "Código de expressão da "Paisagem de Del Picchia"?
Seria a "casa de dentro" de Henriqueta,
"Paisagens com Figuras" do Severino Cabral?
Os jardins d Burle Max,
o "Sertão em Flor" de Catulo Paixão?
O Largo do Boticário que Bandeira
quis tombar no "Opus 10",
a "tradição do novo" de Afonso Ávila?

IV
A paisagem do meu país
seria o fazer da verdade?
O olho-aprendiz de libertas quae será tarde?

Seria a fome, o medo, a dívida, o pranto,
o rosto do Jequitinhonha ou a Baixada?
Não seria a louca confissão do canto
dos Violões de Rua, o tupiniquim-vanguarda?

Seria o madeirame podre a aniquilar josés
que migram a miséria atrás do Eldorado?
A construção "sem culpa" do espigão e das sés IDOLARtradas do embuste contra o gado?

Seria o postal barroco
ou o letal da fome,
o olho vendo oco
ou o que implode o nome?

Porque já é preciso
(longe de Montezumas)
encontrar a paisagem
desse país inciso
(se tivemos uma). (11)


I

AS VIGAS DA CASA
são as costelas do homem

O ADORE DA CASA
são os pêlos do homem

AS JANELAS DA CASA
são os buracos do homem

O SAPÊ DA CASA
são os cabelos do homem

AS TRAMELAS DA CASA
são os culhões do homem

OS ESPAÇOS DA CASA
são os vazios do homem

A CHAMINÉ DA CASA
são as fugas do homem

AS CERCAS DA CASA
são as prisões do homem

AS FRESTAS DA CASA
são o que resta de frágil no homem

II

ONDE ESTÃO OS RIOS DO HOMEM
as multinacionais beberam

ONDE ESTÃO AS ÁRVORES DO HOMEM
as multinacionais eucaliptizaram

ONDE ESTÃO OS EMPREGOS DO HOMEM
as multinacionais subempregaram

ONDE ESTÃO AS PALAVRAS DO HOMEM
as multinacionais colonizaram

ONDE ESTÃO OS GARIMPOS DO HOMEM
as multinacionais lapidaram

ONDE ESTÃO OS SONHOS DO HOMEM
as multinacionais acordaram

ONDE ESTÃO AS FORÇAS DO HOMEM
as multinacionais minaram

ONDE ESTÁ ESTE HOMEM
que multinacionou o outro homem?

III

ONDE os votos que votaram na urna
ENTONARAM

ONDE as dádivas que dadas no bolso
USURARAM

ONDE os políticos que prometeram no poste
FICARAM

ONDE as palavras que falavam na boca
CALARAM

ONDE ESTE PAÍS DE ESTRANNHO VALE
E HOMEM

onde um tem demais e o outro subtrai
onde um tem o bolso cheio e o outro
abaixo do meio
onde um é político endinheirado e o outro
nem assalariado

QUE PAÍS É ESTE E QUAL É O SEU PREÇO
no mercado do engodo e do avesso?" (12)

"ao batizaram-te
deram-te o nome:
puta
posto que a tua profissão
é abrir-te em camas
e dar-te em ferro
ouro
prata
rios, peixes, minas, mata

deixar que os abutres
devorem-te na carne
o derradeiro verme." (13)

"fosse o Brasil
mulher das amazonas
caminhasse passo a passo
disputasse mano a mano.

guardasse a fauna e a flora
da fome dos tropicanos.
ouvisse o lamento dos peixes
jandais, araras e tucanos


não estaríamos assim condicionados
aos restos do sub-humano. (14) "

Um poeta travestido, pelo meio da rampa sobe, sem medo dos Dragões Da independência ... vive o bardo, da inconfidência, mineiro.
Sobre a mesa-presidente coloca o último decreto lei
Sobre a forma de poema, um espinho para o "rei":

"Elevei-me ao céu .
colhido
transportado de mão em mão
-hora brusca-
oro suave e vi chegar o belo pássaro.

"Emocionado esperei
a hora de ser levado
e a hora veio
e o belo pássaro do bico alado
desceu a mim.

Estonteado
girei
girei (sensação incorporal)
leve
levado
girando no ar
e o BAQUE!

Que mundo é este?
Passos pesados e ... vassourada!

Caí no chão ...
e assim mentado ...medrei!

Que bicho é este
que agora chega?

Cheiro cheiro de sangue,
nariz molhado
frio
quente vermelha
língua me lambe ...

UAU !!! PLUNK ... GLULP ...

EM DERREDOR DE MIM DESINTEGRADOS !!!
( Será Plutão!?!?)

(Vem-me a lembrança:

"Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, 1654
Padre Vieira - São Luís do Maranhão

A este evangelho do domingo quinto da Quaresma chamais
comumente o domingo das verdades.
...resolvi-me a vos dizer uma só verdade ... a verdade que
vos digo, é que no Maranhão não há verdade.
Cuidavam e diziam os sábios antigos ... em creta reinava
Júpiter ... em Delos reinava Apolo, chipre reinava vênus, e assim
de outras ... Dizem (fábula alemã) que quando o Diabo (Plutão)
caiu do Céu no ar se fez em pedaços ... cuido eu que a parte que
nos toca ... é a língua ... que letra tocaria ao nosso Maranhão?
Não há duvida que o M.Maranhão, M.murmurar, M.motejar,
M. maldizer, M. malsinar, M. mexericar e sobretudo M.mentir: mentir
com as palavras, mentir com as obras, mentir com os pensamentos,
que de todos e por todos os modos aqui se mente. Novelas e
novelos, são as duas moedas correntes desta terra: mas tem uma
diferença, que as novelas armam-se sobre nada, e os novelos
armam-se sobre muito, para ser moeda falsa...
E terra onde até o sol mente, vede que é verdade falarão aqueles
sobre cujas cabeças e corações ele influi. Acontece-lhes aqui aos
moradores, o mesmo que aos pilotos, que nenhum sabe em que altura
está. Cuida o homem nobre hoje, que está em altura de honrado, e
amanhã acha-se infamado e envelhecido..."
(Vieira, Pe. Antonio. Sermões,v II, tomo IV ... Porto, Lelo, 1959, pg 155)

Ah! Padre Vieira, essa língua tão comprida ... espalhou-se!

Procuro manter-me íntegro
integral mesmo
a tanta degradação ...

Por poucos dias da tal lambida (em meio à bosta)
voltei á Terra
que me acolheu

chuva lavou
sol secou
chuva molhou
sol aqueceu
e no (bom) calor brotei.

Arvore sistemática que me tornei
agora pendão maduro

vento balança o meu anseio ...
voltar á Terra

e peço ao vento: liberte-me
livre-me daquelas mãos
que no passado me carregaram!(*)




VOO 375 CÓDIGO 7700
CENA 4

MANCHETES ... GLOBAIS ...

O povo brasileiro viaja num avião seqüestrado ...

O povo brasileiro viaja escoltado por um caça francês
MIRAGE (M?) ... armado!

Subservivo ameaça atirar o povo brasileiro contra o símbolo
calcáreo calcinado da Nova República.

O povo brasileiro viaja ... sobre (a) ssaltado.

Sobrevive o povo brasileiro, sub-ser-vivo.


OS PASSAGEIROS

No Brasil ju(ros) deu ...

Na aeronave comercial brasileira ( Boeing 737-300)
três japoneses sorrindo de olhinhos apertados.
¼ de tão satisfeito ... parece dormir!
O paralelo subiu ... hi,hi,hi ...
A mala preta ficou mais leve ...hi,hi,hi ...

Os alemães (turistas?)... cada vez mais verme (lho) s.


A PASSAGEIRA

Tenho no corpo suaves ondas
montanhas de muito ondular
do coração partem dois rios
correndo o corpo, querendo o mar
mas na confluência da noite, na
fundura das águas dos lençóis
no pousar mais quieto do corpo
sobre a planície do colchão
é quando
faz escuro no catre
a língua é áspera
de amor urgente
então eu te pego, te arranho
te adentro este teu corpo
denso
e cavalgo teu dorso quente
te serpenteio e te cravo
o dente

assim te quero mais
te quero cais naufragado
em mim
te quero terra, semente
semeando em mim
a primavera que há em ti
te quero homem penetrando
tua fome, teu começo
e fim
e quando a soma dos corpos
num só corpo resultar
quero percorrer seus pêlos
e este amor de mais doar
quero respirar seus poros
e este amor que vai calar
quero te penetrar aos pulos
te sentir lâmina, punhal
o pênis, o pau
sou luciana e sei onde ancorar
o amor quando beijo a fina
frágil face do homem
sei do que me espera além
do esperma e da solidão
sei do vau deste rio
e do vão desta sala
sei da extensão e do limite
de minha fala
sou luciana mundana
louca
de língua coruscante
sacana
sou luciana cigana
de corpo luxuriante
mucama
sou luciana
do copo, da cana
do tronco, da transa
do sarro, da rixa
da briga no país
da cama
vem guerreiro de noturnas
viagens corpo afora
nesta zona do brasil resido eu
é onde campeia o aventureiro
é onde sacio o gentio
é onde o pai, o filho, o tio
aprendem nos turvos lençóis
as lições do amarrotado amor
no jogo movediço e lento
da carne e da sacanagem

pois aprende esta ciência:
o corpo não carece de bacamartes
de outras malícias e artes
o corpo é vassalagem
lapidação e garimpagem (15)


O PRESIDENTE
CENA 5

Sobre a mesa, após a enxurrada de decretos-atletas
treinados para driblar a CARTA,
o ultimo decreto-lei, o único
medalha de ouro olímpico, subjuga o presidente.

Eis que entram, nesta quadra,
tal e qual manada,
os assessores do ocupante
do Alvorada:

- Senhor, um subservivo tomou de assalto uma aeronave comercial!

O presidente, calado.

- Senhor, um subservivo é neurótico!

O presidente, calado.

- Senhor, subservivo ameaça as instituições democráticas!

O presidente, calado.

- Senhor, subservivo a serviço das forças ocultas!

O presidente, calado.

- Senhor, subservivo quer acerto de contas!

O presidente, calado.

- Senhor, subservivo ameaça a integridade do Chefe Supremo das Forças Armadas!

O presidente, calado.

- Senhor, subservivo é o chefe da indústria dos 7 boatos capitais!

O presidente, calado.

- Senhor, um subversivo ... um subversivo ... um subversivo ...

O presidente, interessado!

- Senhor, o subversivo é ... o subversivo é ... o subversivo é ... é do Maranhão !!!

O presidente suspira aliviado e assina o último decreto-lei.





NO BRASIL CENTRAL.
CENA 6.

"Lastros de luz
Astros de fogo
Rastros de sangue" (16)

Um ponto de mira.
E o tiro
pela culatra. (17).

Depois da queda
O empresário lamenta (não chora)
Alma vendida
Nas transas e trocas
Gothe a Gothe vertida.

Raimundo-Paiva-Fiel
Peças-Piao
Que o jogador
move.

Salvador Evangelista
Neste Avião
Que o jogador
remove.

"Irmãos humanos que ao redor viveis,
Não nos olheis com duro coração,
Pois se aos pobres de nós absolveis
Também a vós Deus vos dará perdão.
Aqui nos vedes presos, cinco, seis:
Quanto era carne viva que comia
Foi devorado e em pouco apodrecia.
Ficamos, cinza e pó, os ossos, sós.
Que de nossa aflição ninguém se ria,
Mas suplicai a Deus por todos nós.

Se dizemos irmãos, vos não deveis
Sentir desprezo, embora condenados
Tenhamos sido em vida. Bem sabeis:
Nem todos têm os sentidos sentados.
Desculpai-nos, que já estamos gelados,
Perante o filho da Virgem Maria.
Que seu favor não nos falte um só dia
Para livrar-nos do Inimigo atroz.
Estamos mortos: que ninguém sorria,
Mas suplicai a Deus por todo nós.

A chuva nos lavou e nos desfez
E o sol nos fez negros e ressecados,
Corvos furaram nossos olhos e eis-
Nos de pêlos e cílios despojados,
Paralíticos, nunca mais parados,
Pra cá , pra lá, como o vento varia,
Ao seu talante, sem cessar, levados
Mais bicados do que um dedal. A vós
Não ofertamos nossa confraria,
Mas suplicai a Deus por todos nós.

Meu príncipe Jesus, que a tudo vês,
Não nos entregues á soberania
Do inferno, que só ouvimos tua voz.
Homens, aqui não cabe zombaria,
Mas suplicai a Deus por todos nós." (18)

Enquanto a ambulância corre
e o médico recose...

"... A mesma urgência sentia o Visconde,
depois que o escrivão deixou o palácio. Cláudio continua vivo e
pode desmentir as "declarações" diante dos desembargadores Torres
e Cleto, enviados pelo Vice-rei. Escolhe seu ajudante de maior
confiança - o Resende - para missão sigilosa. Pede a ele que,
pessoalmente, marque um encontro secreto com Macedo e Pamplona
nos arredores da cidade, em lugar ermo - de modo que ninguém os
veja. Não quero testemunhas. Olha que é coisa séria.
Chega o Visconde, acompanhado do seu ajudante, ao lugar
aprazado. O ajudante distancia-se um pouco e serve de sentinela.
Lá já estavam os dois contratadores. Cada um chegou com meia hora
de diferença do outro, para evitar suspeitas. Cada um teve de
seguir um caminho diferente para lá chegar. O ajudante foi
impecável na planificação do encontro - alegra-se o Visconde.
Não falam nas torpezas de Saldanha e Manitti. Isso é assunto
já resolvido. Um único problema os inquieta. Cláudio está vivo e
pode continuar falando. Pode desmentir o escrivão e restabelecer
a verdade das suas declarações. Cada um encontra uma maneira para
classificar o comportamento do antigo amigo: irresponsável,
louco, torpe, traidor. O Visconde toma a dianteira na decisão.
- É preciso matar Cláudio.
Ele está na sua casa, Macedo, é mais fácil para você. Mais
difícil, serei o primeiro suspeito da lista. Um dragão, talvez -
sugere Macedo. Seremos vitimas dele, comenta Pamplona, para o
resto da vida. Veja o escrivão. Um dia teremos também que dar
cabo à sua vida. O Visconde insiste no nome de Macedo. Há sempre
uma maneira de te inocentar. Macedo não tem confiança no
Governador. Podemos dizer que Cláudio te atacou. Ele não está
satisfeito de estar preso na sua casa.
Pamplona se oferece para fazer o trabalho. Pede apenas a
colaboração do amigo. É preciso que entre em silencio na casa, é
preciso que entre escondido na cela de Cláudio pela madrugada.
Não farei barulho. Vai estrangula-lo. Ninguém saberá quem foi.
A morte de Cláudio vem enlutar os fiéis do Pilar e aumentar
os temores da população de Vila Rica. Outra vez, esta se vê às
voltas com atos de violência praticados pelas autoridades
portuguesas, e que não chega a compreender. Há rumores vagos de
que um grupo de poetas preparava uma rebelião em segredo. Por
todos os lados e em voz baixa, chamam a morte de Cláudio de
"misteriosa". A atmosfera do diz-que-diz toma conta da cidade
enlutada. As pessoas passam dia e noite dentro das casas,
enquanto os filhos são proibidos de brincar nas calçadas. Tem-se
a impressão de que se vive numa cidade onde o habito é o
deixar as janelas fechadas dia e noite. Uma cidade fantasma. Os
poetas foram presos e um deles já morreu. Onde os alegres
passeios pelas ruas tortuosas e íngremes? Onde os flertes com as
moças que ficavam, à tardinha, lá de cima das sacadas, passeando
olhares pela rua? Onde aquele sorriso de prosperidade burguesa
que ia se tornando característica dos habitantes das Gerais? Onde os
passeios líricos pelos recantos pitorescos das redondezas? A
cidade está de luto pela morte de Cláudio.
Chega a versão oficial dos fatos, logo confiada aos
cidadãos. Descobriu-se que, na Capitania de Minas Gerais, alguns
vassalos da Rainha, Nossa Senhora, animados do espírito de
pérfida ambição, formaram um infame plano para se subtraírem da
sujeição e obediência devida à mesma Senhora. Pretendiam
desmembrar e separar do Estado esta Capitania para formarem uma
República independente por meio de uma formal rebelião. Estes
rebeldes serão perseguidos e castigados de acordo com a Lei.
...A igreja está cheia. Rezam para esquecer, rezam para
pedir a Deus proteção divina. Os homens já não sabem o que fazem.
Vejo o vigário interromper o santo sacrifício da missa, para
pregar o sermão. Carrega uma enorme responsabilidade hoje. Para
com os vivos e para com o morto. Interrompe o sacrifício da missa
para falar de uma vida que não quis auto-sacrificar-se. Os bons
cidadãos de Vila Rica - todos amigos de Cláudio - incumbiram-no
da fala que, antes de ser religiosa, traduzia responsabilidade
humana e social para com o semelhante. Caminha para o púlpito e
os fiéis, sentados nos bancos ou de pé pelas laterais, seguem-no
com os olhos admirando sua coragem cívica, faz o sinal da cruz.
Ouço sua voz: - Ninguém toca impunemente no homem, que nasceu
de Deus, para ser fonte de amor em favor dos demais homens. O
corpo do homem que quer ajudar o
homem é duplamente sagrado. Quem dele faz brotar o sangue atiça a
cólera de Deus. Este, raivoso, não pune pelas vias diretas do
castigo. Deus não é vingativo. Dá as costas aos homens maus. O
desprezo de Deus é a maior punição que o homem pode sofrer. Mas
Deus quer que os seus filhos estejam unidos e amantes, por isso
desde as primeiras palavras da Bíblia Sagrada até a última, Deus
fez questão de comunicar constantemente aos homens que é maldito
querer manchar as suas mãos com o sangue do seu irmão. Não existe
maior ofensa a Deus que uma mão suja de sangue do irmão. Deus é
magnânimo na sua bondade infinita: o homem é fruto da bondade
de Deus e para que apenas dela fale. Para isso Deus fez o homem
livre. A liberdade, repito, a liberdade humana nos foi confiada
como tarefa fundamental, para preservarmos, todos juntos, a vida,
a vida do nosso irmão pela qual somos responsáveis tanto
individual quanto coletivamente". (19)


Lupus et gruis
Qui desiderat
ab improbis
pretium mereti,
peccat bis,
primum quoniam
adiuvat indignos,
deinde quia iam
non potest abire impune.
Cum os devoratum haereret fauce lupi
victus magno dolore
coepit illicere pretio singulusut extra herentillud malum.T
andem gruis est persuasaiure iurando que credens gula elongitudinem collifecit lupo periculosam medicinam. Pro que cum flagitaret praemium pactum:
"Es ingrata", inquit,
"quae abstuleris incólume caput nostro ore: em postulas mercedem?"

O lobo e o grou
Quem deseja (aquele que espera)
Dos mausa recompensa de um serviço,
erra duas vezes, primeiro porque ajuda a indignos,
depois, porque já
não pode-se ir embora
impunemente (sem ser prejudicado).
Como um osso devorado
ficasse preso
na goela de um lobo,
vencido (este) por grande dor
começou a aliciar
com (a promessa de) um prêmio
a cada um deles (a todos)
para que (lhe) extraíssem
aquele mal.
Finalmente um grou foi persuadido
pelo juramento (do lobo)
e, confiando à goela (dele)
o comprimento do (seu) pescoço
fez ao lobo a perigosa operação.
Pelo qual, como reclamasse
o prêmio pactuado:
"És ingrato", diz (o lobo),
"tu que tiraste incólume a cabeça
da nossa (minha) boca:
eis que pedes remuneração?"

Malu tueri haud tutum"

(M.A. Gonçalves - trad. Fabulas de Fedro-L.H. Antunes 4 ed 1952)



Ossos entalados e grous desconsolados.

O viveiro destas aves???

A fábula de Fedro tão antiga quanto presente.

"O atributo do valor é a rigidez...

que atrai o homem

e o mantém a trela."

Oh! fosse eu banido
de toda a verdade!
Só louco! Só Poeta!
(Nur Nar! Nur Dichter! - frag.pg 13)*

Não digas mal dos poetas;
eles gozam do privilegio de poderem expor suas idéias e intenções mais profundas sem terem
que se atormentar com a "prova" que o "filósofo" tem depois de atamancar laboriosamente.
(Briefwechsel mit Erwin Rohde, p410)*

"o poeta que é capaz de mentir
ciente e voluntariamente
é o único que pode falar a verdade"
(Zaratustra - Von den Dichtern - frag 103 pg 108)*

*Poemas, F. Nietzsche (versão portuguesa de Paulo Quintela)
Centelha - Coimbra - 1986.

Passeata de poetas

1) Desculpe-me o autor. Li, guardei o pensamento, perdi a fonte.
2) Epitáfio (Tristan Corbiére - 1842/1875) Ezra Pound -ABC da Literatura.
3) Sabedoria das Nações (idem) ibidem.
4) Canto e Palavra (O relógio-parte) A Poesia Possível - A . R. Sant'anna.
5) Idem (WC) Ibidem.
6) Idem (O apartamento) Ibidem.
7) Idem (A higiene do corpo) Ibidem.
8) Canção (Guilherme de Poictiers - 1071/1127) E. Pound-ABC da Literatura.
9) Geléia Geral - Artur Gomes - Couro Cru & Carne Viva.
10) Verbete - Márcio Almeida - Falúdica
11) Leitura da Paisagem - Márcio Almeida - Falúdica
12) O Homem - Ronald Claver - Senhora do Mundo
13) Terra de Santa Cruz - Artur Gomes - Couro Cru & Carne Viva
14) Eco lógica - Artur Gomes - Couro Cru & Carne Viva
15) Senhora do Mundo (parte) Ronald Claver
16) O crime - Macio Almeida - Falúdica
17) Poesia - Laís Corrêa de Araújo - Descurso de Prazo
18) Balada dos enforcados (François Villon - 1431/1489) Erza Pound - ABC da Literatura
19) Em liberdade (parte final) Silviano Santiago
*Poesias do autor em Deus ex machina - não publicado

PREMIO CASA DAS AMERICAS - 1989

OBRA: VOO 375
CODIGO 7700


LITERATURA BRASILEIRA
GENERO POESIA


AUTOR: AUGUSTO DUTRA


NOTAS SOBRE O AUTOR:

Formado em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.
Nascido em Belo Horizonte/MG em 21 de janeiro de 1950.
Empresário do setor de serviços.
Não tem nenhum livro publicado.
Participou de algumas publicações em jornais e revistas.