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A FEIRA DE MALACACHETA |
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A FEIRA DE MALACACHETA
A feira de Malacacheta não tem melancolia Mas gente bela de todas as caras Queimadas de astros na pele e alma Abóboras, batatas, cebolas, melancias, inhames Restos de noites e esboços de anjos Estampados no rosto das moças que vendem verduras multicores Pardais e beija-flores também vieram acompanhando Dona Cota Aquela senhora que vende flores de seu quintal - Eta prefeitim enrolado, moça, diz o velho indignado - Nossa, ta fazeno feio mermo, responde Maria Íris a pequenina mulher Que pôs pra correr os velhacos do Sindicato dos Trabalhadores. E o burburinho aumenta a cada encontro, a cada lembrança: - Nossa, a dona Ceres da fazenda Brocotó! Espanta com a notícia seu Manoel do Boqueirão - Ai qui dó, gente! Cadiquê será? - Proinostoíno sô! Segue a feira num contar do cotidiano E tem cachaça de Salinas - Erva Doce é a melhor - Ô Môço, e pode bota no fogo a panela? - A panela agora é da senhora! Ponha ela onde quiser, dona! Cantam esganiçadas as galinhas junto do molho de cana E tem as vasilhas para fazer cuscuz Mandioca, milho e farinha de toda cor. Aromas das matas, sons dos sertões, risos Impressões das Gerais que trago na alma da feira de Malacacheta.
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