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O QUADRILÁTERO FERRÍFERO |
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O Quadrilátero Ferrífero se estende por uma área aproximada de 7.000 km2, na porção central do Estado de Minas Gerais, e representa uma região geologicamente importante do Pré-Cambriano brasileiro, devido a suas riquezas minerais, principalmente ouro, ferro e manganês. Desde os estudos pioneiros de Eschwege (1822, 1832, 1833), Gorceix (1881, 1884) e Derby (1881, 1906), o Quadrilátero Ferrífero tem sido alvo de estudos geológicos do mais variado caráter. Na primeira metade do século XX, surgiu uma série de publicações que, entre outras contribuições, terminou por estabelecer uma primeira coluna estratigráfica para a região, sendo que considerável avanço para o conhecimento geológico da região foi atingido durante as atividades do convênio USGS-DNPM, nas décadas de 50 e 60. Este trabalho permitiu a cartografia da região na escala 1:25.000 elevou a consolidação de um modelo da evolução geológica, compilado por Dorr (1969) e que serve de ponto de partida para todos os estudos posteriores. Segundo Dorr (1959), o Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais foi assim denominado por Gonzaga de Campos, devido aos vastos depósitos de minério de Ferro que ocorrem numa área limitada aproximadamente pelas linhas que ligam Itabira, Rio Piracicaba, Mariana, Congonhas do Campo, Casa Branca e Itaúna. Constituí uma das áreas clássicas da Geologia Pré-Cambriana do mundo. A geologia do Quadrilátero Ferrífero é bastante complexa. Há no mínimo três séries de rochas sedimentares separadas por discordâncias principais. As rochas da área encontram-se dobradas, falhadas e foram metamorfisadas em graus variáveis (Dorr 1959). Do ponto de vista geotectônico, o Quadrilátero Ferrífero está inserido n Província São Francisco, situando-se no extremo sul da área ocupada pelo Cráton de mesmo nome (Almeida 1977, Almeida & Hassuy 1984) e corresponde a um fragmento crustal polpado, em parte, da Orogênese Brasiliana. O Cráton do São Francisco é, em grande parte, resultado do retrabalhamento, em eventos posteriores de um maior e mais antigo núcleo estável, denominado Cráton Paramirim, de idade pré-transamazônica (Almeida 1981). Durante o Evento Brasiliano (640-450 ma), foram geradas faixas de dobramento que hoje margeiam e definem a forma do Cráton do São Francisco. As unidades litoestratigráficas que compõem o Quadrilátero Ferrífero são: o Embasamento Cristalino (Complexos Metamórficos), o Supergrupo Rio das Velhas, o Supergrupo Minas e o Grupo Itacolomi. Localmente são observadas bacias terciárias como Fonseca e Gandarela.
EMBASAMENTO CRISTALINO
O embasamento cristalino é constituído por complexos gnáissicos metamórficos denominados de Complexo Bonfim e Complexo Moeda (a Oeste da Serra da Moeda), Complexo Congonhas (a Sudoeste do Quadrilátero Ferrífero), Complexo Santa Rita (a Sudoeste da Serra de Ouro Branco), Complexo Caeté (a Leste da cidade de Caeté) Complexo de Belo Horizonte situado ao Norte da Serra do Curral e a Leste da Serra do Caraça Complexo de Santa Bárbara. O Complexo do Bação encontra-se no centro do Quadrilátero Ferrífero e apresenta um aspecto dômico. Estes complexos são constituídos por rochas gnáissicas polideformadas de composição tonalítica a granítica, e subordinadamente por granitos, granodioritos, anfibolitos e intrusões máfica a ultramáfica (Herz 1970, Cordani et al. 1980, Ladeira et al. 1983, Teixeira 1982, Jordt Evangelista & Müller 1986). Estes complexos gnáissicos cujas bordas apresentam-se cisalhadas, representam porções de um antigo embasamento que foi retrabalhado em eventos posteriores (Almeida 1978, , Cordani et al. 1980, Ladeira et al. 1983, Teixeira 1982, Jordt Evangelista & Müller 1986). Análises geocronológicas em amostras de rochas de alguns destes complexos, revelaram idades de 2,9-3,2 Ga. E também, duas gerações de plútons para o Neoarqueano: 2,78-2,77 Ga. (plútons cálcio alcalinos) e 2,73-2,62 Ga. (granitos anarogênicos) (Carneiro 1992, Carneiro et al. 1995)
SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS
Dorr et al. 1957 denomina as rochas metavulcânicas e metassedimentares anteriormente denominadas por Derby (1906) de Série Minas por Série Rio das Velhas e, com base em uma discordância pouco expressiva, subdivide esta série em dois grupos (Nova Lima (base) e Maquiné (topo)). Trabalhos mais atuais substituem o termo Série por Supergrupo. Dorr (1969)subdivide o Grupo Maquiné em duas formações: · Formação Palmital (base); constituída por quartzitos sericíticos, filitos quartzosos e filitos. O contato desta formação com o Grupo Nova Lima apresenta-se ora discordante ora concordante e ora gradacional: · Formação Casa Forte; originalmente definida por Gair (1962), é constituída por quartzitos sericíticos, cloríticos a xistosos e filitos. O contato desta formação com a Formação Palmital é gradacional e marcado por uma camada de conglomerado. Ladeira (1980) interpreta os sedimentos do Grupo Nova Lima como sendo representativo de uma seqüência do tipo "greenstone belt" e subdivide o Grupo Nova Lima em três unidades, da base para o topo: · Unidade Metavulcânica; composta por serpentinitos, esteatitos, talco-xistos, anfibolitos metamorfisados, metabasaltos e metatufos, além de komatiítos com estrutura spinifex: · Unidade Metassedimentar Química; representada por xistos carbonáticos, metacherts, formações ferríferas bandadas e filitos: · Unidade Metassedimentar Clástica; representada por quartzo-xistos, quartzo filitos, quartzitos impuros e metaconglomerados. Segundo Alkmim & Marshak, 1998, apesar das poucas análises geocronológicas disponíveis para o Supergrupo Rio das Velhas, as idades de 2,776 Ga. e 2,857 Ga. (obtidas pelo método U/Pb em cristais de zircão e monazita) permitem dizer que o Supergrupo Rio das Velhas juntamente com as rochas plutônicas representam um típico terreno granito-greenstone do Arqueano.
SUPERGRUPO MINAS
Derby (1906), definiu a Série Minas e desde esta data esta sofreu muitas modificações, principalmente em função dos novos conhecimentos adquiridos. A Série Minas de Derby hoje é denominada de Supergrupo Minas e é subdividida da base para o topo nos grupos Tamanduá, Caraça, Itabira e Piracicaba. Simmons & Maxwell (1961), definiram o Grupo Tamanduá como sendo representado por um conjunto de quartzitos, filitos, xistos quartzosos e argilosos, itabiritos filíticos e dolomíticos, conglomerados e quartzitos grosseiros. Segundo os autores sua localidade tipo situa-se na Serra do Tamanduá. Dorr et al. (1957), definiram o Grupo Caraça como sendo constituído pelos quartzito Caraça e xisto Batatal. Maxwell (1958) passou a chamar o Xisto Batatal por Formação Batatal enquanto Wallace (1958) redenominou o Quartzito Caraça de Formação Moeda. Segundo Villaça (1981), a Formação Moeda seria representada por conglomerados e quartzitos grosseriros de origem fluvial e quartzitos finos e filitos de origem transicional-marinha. Segundo Moraes (1985), os depósitos de filitos da Formação Moeda, itabiritos da Formação Cauê e os carbonatos da Formação Gandarela foram originadas a partir de um evento transgressivo e estes sedimentos podem ser associados às fácies distais da Formação Moeda. Segundo Dorr (1969) e Maxwell (1958), a Formação Batatal é constituída por filitos sericíticos, grafitosos e localmente esta formação pode apresentar clorita e sedimentos carbonáticos, sendo que na parte superior pode ser visto finas camadas de chert e hematita. Pires (1983), observou tanto na parte inferior como na superior da Formação Batatal a presença de material vulcânico. Dorr (1969) subdividiu o Grupo Itabira em duas formações, da base para o topo: · Formação Cauê: representada predominantemente por uma formação ferrífera do tipo lago superior e subordinadamente por itabiritos dolomíticos e anfibolíticos com pequenas lentes de filitos e margas e alguns horizontes manganesíferos. · Formação Gandarela: foi definida inicialmente por Dorr (1958) como sendo constituída por camadas de rochas carbonáticas representadas principalmente por dolomitos e subordinadamente por itabiritos, filitos dolomíticos e filitos. O contato com a formação inferior, quando observável é de natureza discordante com caráter erosivo. Dorr et al. (1957), subdividiriam o Grupo Piracicaba em cinco formações, da base para o topo: · Formação Cercadinho: representada por quartzito ferruginoso, filito ferruginoso, filito, quartzito e pequenas intercalações de dolomito; · Formação Fecho do Funil: representada por filito dolomítico, filitos e dolomitos impuros; · Formação Taboões: representada por quartzito fino e maciço; · Formação Barreiro: representada por filito e filito grafitoso; · Formação Sabará: representada por filito, clorita-xisto, grauvacas e localmente tufos e cherts. Segundo Moraes (1985), a Formação Cercadinho representa um depósito do tipo deltáico originado a partir de uma seqüência regressiva interrompida por uma fase transgressiva responsável pelos filitos dolomíticos da Formação Fecho do Funil e filitos grafitosos da Formação Barreiro.
Grupo Itacolomi
Guimarães (1931) definiu a Série Itacolomi como uma unidade que repousa discordantemente sobre os sedimentos da Série Minas. Atualmente esta série é denominada de Grupo Itacolomi e é representada por quartzitos, quartzitos conglomeráticos e lentes de conglomerado com seixos de itabirito, filito, quartzito e quartzo de veio, depositados em ambiente litorâneo ou deltáico (Dorr 1969). Segundo Glockner (1981), o Grupo Itacolomi representa um bloco tectonicamente alóctone de posição estratigráfica incerta. Segundo Alkmim (1987) e Alkmim et al. (1988), o Grupo Itacolomi foi depositado em uma margem de bacia intra ou epicontinental e estes autores, propõem uma correlação entre os metassedimentos desse grupo com os da Formação Moeda e do Grupo Tamanduá, compondo uma mesma unidade faciológica.
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